Arquivo para Feiras populares - Página 2 de 4 - Rodolfo

Totalmente de menos: isso não é moda

Trabalhar já não é lá coisa fácil, na nova novela da Globo trabalhar com moda em uma revista é a pior coisa que alguém pode querer. Trabalhar na revista que nomeia a trama é humilhante, estressante e degradante. Desde Miranda Priestly e outros tantos exemplos de editoras de moda (celebrizadas, glamourizadas) nós fomos ensinados que a moda é um ambiente hostil de humilhação e vergonha na hierarquia de chefes estúpidos, arrogantes e sem noção como a Carolina da novela.

 

Fetiche sadomasoquista

O glamour que cerca Carol e essas outras figuras da moda torna elas pessoas idealizadas como as que seguram nas mãos o mundo da moda (nem sempre fácil) e podem com isso agir de forma estúpida como agem: numa das cenas que vi recentemente a editora da revista Totalmente D+ interpretada (brilhantemente) por Juliana Paes chega na redação dando esporro na equipe, ameaçando demitir, e falando que os mesmos não são pagos para algo nem sei o que. Um tipo de ocupação que depois da Netflix eu pouco vejo, é novela, mas ao ver a cena algo me inquietou. O pior é ver como os autores (sei lá, esse povo pensa?) colocam as personagens oprimidas pela postura arrogante de Carol em pleno terror com os gritos dela e depois a idolatrando como uma deusa, justificando seu amor e admiração por aquela demônia arrogante.

 

Novela da Irrealidade

Em pleno século 21 quando as empresas se tornam cada vez mais colaborativas em busca da inovação e criatividade, tão difícil quando tudo parece já ter sido inventado, movimentos importantes na sociedade desconstroem cada vez mais esse mundo fantasioso de Carol e traz a premissa do monge e do executivo colocando (tentando) todos os jogadores do jogo da moda em constante troca e simbiose que quebra a lógica de chefia, e carrega cada vez mais perfis de liderança e trabalho conjunto. Fazer moda assim como medicina, direito, engenharia é muito cansativo, mas nenhum trabalho deve ser como o da redação de Carol. Por isso a novela é fraca em recorrer ao clichê do abuso de poder idealizado de belo e vigorante. E fraca de novo com o clichê que constrói a imagem da mulher mau educada e violenta que só consegue sucesso sendo um monstro, um engodo. Entendo que ter sucesso sendo mulher não é das coisas mais fáceis no país que somos, mas ser facilmente vilão é coisa que como engodo sempre recai à figura feminina.

 

Forçando a barra de um filme que conheço: O Diabo veste Prada.
Forçando a barra de um filme que conheço: O Diabo veste Prada.

 

Minha amiga secreta

Carolina é a chefe que eu odiaria ter, é a chefe que me acalentaria em pesadelos, a chefe que me faria odiar a profissão, odiar o trabalho e odiar a vida, tudo porque em tempos de crise empregos devem ser mantidos, famílias precisam ser sustentadas e suportar chefes não deve ser um imperativo no mundo moderno e informado de hoje em dia. Tenho a maior consideração pelos meus chefes e ex-chefes, contrários a essa maluca de pedra e mau educada. Eles me motivam, me questionam e me ensinam sempre mais, me apoiam(ram) a liderar ideias e ser o melhor do meu potencial no trabalho. Ai que raiva do clichê Carol totalmente de menos, com isso eu também acabo de me desfazer da tirania que eu admirava em Miranda. Ninguém merece e moda e trabalho não é isso, outro nome totalmente adequado é assédio moral e humilhação. N pra ela. Totalmente de menos: isso não é moda.

 

Sobre Rodolfo Alves

Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.

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Tapete vermelho para seu natal
Natal e ano novo Duque Polo

Tapete vermelho para seu natal

Aproveitando que novembro está com os dias contatos e que o natal está chegando (hohoho), todo mundo já começa a animação para produzir seus looks de festas. Com ou sem a tradicional ceia natalina (algumas famílias não comemoram), todo mundo se veste para alguma ocasião especial na casa dos parentes, amigos ou celebra em programações variadas pela cidade.

 

Dia 25 de dezembro vai ser bem numa sexta-feira, ou seja: feriadão feliz para todas começarem na quinta com a ceia, juntar com um after na sexta e ter o FDS completo para aproveitar. Abaixo um tapete vermelho para seu natal com a retrospectiva de festas e premiações que bombaram em 2015 para inspirar seus looks mais elegantes de final de ano. Alugados, mandados fazer, comprados ou emprestados, vale tudo pra ficar nos trinkes. Haha!

 

VMA

Taylor Swift com estampas e cropped (close no sapato da moça) e o rosa quartzo da Demi Lovato garantindo a tendência da cor do ano.

Tylor Swift e Demi Lovato
Tylor Swift e Demi Lovato

 

EMA

Menina Rubi toda tatuada, toda estilosa, toda brilhosa com pretos clássicos. O terninho estruturada bem na tendência de uma moda sem gênero, masculino e feminino não existem mais. O menino Justim ficou foi bonito com o vermelho tapete vermelho, o tênis branco arrematou. Aqui eu gostei muito da long t-shirt, que é tendência.

Ruby Rose e Justin Bieber
Ruby Rose e Justin Bieber

 

OSCAR

Vestido lindooo da Lupita Nyong’o. Bom essa não é a melhor ideia para uma ceia de natal, mas se rolar um casamento na família, repara no modelo. Vai ficar mais bonita que a noiva! Ela que se prepare! Haha.

Lupita Nyong'o
Lupita Nyong’o

 

GRAMMY

Preto no branco. Há quem não goste de ir em festas de final de ano, deteste natal e fique com a cara feia achando que tudo é falsidade. Nesse caso se for pra festa mesmo assim, uma peruca dessas da Sia cai bem. O vestido da Miley muito recortado é bonito, parece item de academia.

Sia e Miley Cirus
Sia e Miley Cirus

 

AMA

Na premiação desse domingo o lascão foi o rei dos vestidos. Vai anotando que ele está com tudo.

Lascão
Lascão

Sobre Rodolfo Alves

Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.

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Alto verão da Duque Polo
Totalmente de menos: isso não é moda

Alto verão da Duque Polo

Duque Polo lança novidades em sua coleção de alto verão. Quem compra no polo está muito acostumado a receber novidades fashion toda semana nos centros de compras. Por isso tem uma atualização fantástica da coleção de alto verão da Duque Polo. A marca está liberando aos poucos as novidades de camisas masculinas e femininas. As estampas são uma mais bonita que outra, com desenhos bonitos, tecidos de qualidade e estilo moderno e urbano para o verão dos clientes espalhados pelo Brasil em diversas revendas. Olha que bacana as novidades. Para conferir tudo e só visitar as lojas da fábrica no Moda Center Santa Cruz e em Pão de Açúcar às margens da PE 160.

 

Ah! Sem esquecer de falar em preço, as novidades são super em conta, pra quem revende uma oportunidade de fazer sucesso para as vendas de natal e réveillon e para consumidores de varejo, a hora é essa de renovar os looks para as ocasiões de celebração no final de ano.  Se liga no Instagram da Duque Polo.

 

Quer ver a coleção completa em uma galeria de fotos? Nós já mostramos tudo aqui no Box Fashion. Clique pra ver.

 

duque polo publi novembro 2015 (1)
Foto: Adriano Kinney

 

Moda feminina e masculina
Moda masculina e feminina

 

duque polo publi novembro 2015 (2)
Fotos Adriano Kinney

 

Este é um conteúdo em publieditorial, portanto uma propaganda. 

Sobre Box Fashion - redação

Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion

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Todas as vozes numa só, agora é que são elas
Tapete vermelho para seu natal

Todas as vozes numa só, agora é que são elas

Convidada a participar dessa necessária e bonita iniciativa de dar voz às mulheres nos espaços da mídia ocupados por timbres e mãos masculinas fui instigada a deixar o macro de lado e pensar no aqui, na terra dita Santa por uma cruz, nascedouro desta que aqui fala. Pois bem: todas as vozes numa só, agora é que são elas.

 

Fiz um esforço para não falar por aqui na Valentina do MasterChef Júnior, vítima de grotesco assédio na internet; para não lembrar com sentimentos de fúria da retirada do ensino de gênero nas escolas país afora; para não tentar dar voz à Anna Muylaert, que teve a voz e o brilhantismo calados pelos amigos de profissão no debate sobre seu aclamado filme em Recife; para não engessar o texto com a dureza de quem vê décadas de lutas e conquistas ameaçadas pela intolerância do Congresso Nacional.

 

Olhar para dentro: para as mãos que tecem o desenvolvimento da cidade, para a mulher que deu a Santa Cruz um lugar na história. Cresci ouvindo o quanto a mulher é importante na economia daqui, o quanto é diferenciada e trabalhadora, e autônoma, e guerreira, e valorizada, e de voz firme e presente na cidade. São conectivos demais pra uma frase só, eu sei.

 

Mas eu também sei, com amargor, que uma mentira repetida várias vezes ganha tons de verdade absoluta.

imagem destacada dialogos sociais mulheres costurando direitos

 

Não é mera retórica que a mulher é mola propulsora da economia, tampouco que é batalhadora e guerreira. Mas todo o resto é uma bonita tela pintada que dificulta enxergar a verdade e perceber o silêncio. A verdade da crueza numérica dos dados do Mapa da Violência de 2012 que revela que dentre os 5.565 municípios brasileiros, Santa Cruz ocupa a 152° posição quando se trata de homicídios de mulheres, e se esse dado ainda não te alarmou pense que Pernambuco possui 185 municípios e que nós ocupamos a desonrosa posição de número 14 neste ranking sombrio. A verdade inconteste apontada pelo estudo feito por Clarissa Carvalho, de que entre 1955 e 2012, 64 pessoas ocuparam cadeira na Câmara de Vereadores da cidade, e que destas apenas 03 eram mulheres.

 

A verdade dolorosa de escrever uma história e desaparecer de suas páginas.

 

Convido você a fazer um exercício simples: ande pelas ruas. Elas contam história. Em suas placas e monumentos se registra o que perdurou ao tempo. Quantas ruas da cidade carregam nomes de mulheres? Elas existem, não sei em que exata proporção. Mas continue o exercício: quem foram essas mulheres? Em que momento você aprendeu sobre elas na escola? Quem te contou suas histórias? Prossiga o exercício: nos veículos de comunicação quantas vozes e mãos femininas você encontra, entre entrevistadores e entrevistados? Quantas colunistas mulheres nos blogs da cidade existem? Santa Cruz respira o debate político 24 horas por dia, quantas mulheres são convidadas pela mídia a dar sua opinião sobre o cenário público?

 

Eu tentei me desprender do macro, mas só pra constatar que não somos diferentes. Meninas de 12 anos também são assediadas nas ruas e nos lares de Santa Cruz, mulheres também possuem seus corpos violados por homens que aprenderam que somos domínio coletivo, nosso plano de educação também julgou impróprio dar voz ao nosso debate, nossos três poderes também não espelham nossa representação na sociedade, nossos livros, placas e ruas escondem nossas marcas, e tal qual a Anna Muylaert nós fazemos a história, mas tentam, dioturnamente, calar as nossas vozes. Então não, não há um macro e um micro quando se fala do feminino. A dor de uma é a dor de todas, a exclusão de uma é a exclusão de todas, e enquanto uma for calada e oprimida, todas estaremos sendo. Marias, Anas, Valentinas, Clarissas, Ágdas, as suas vozes eu quero ouvir. Quero ouví-las agora, já, com a urgência que a bruteza que recai sobre nós requer. Quero ouvi-las ecoar. A voz de uma também é a voz de todas. E hoje aqui, eu sou todas, todas que o mundo tentou calar e não conseguiu.

 

Imagem de capa do Texto: Fonte:Blog Terra da Sulanca

 

iana paulaIana Paula é Formada em Direito pela Faculdade ASCES em Caruaru, pós-graduada em Direitos Humanos pela Universidade Católica de Pernambuco, miliante de causas sociais, humanas e feministas e atualmente é Coordenadora da Coordenadoria da Mulher de Santa Cruz do Capibaribe – PE.

Contato com Iana: ianapaulasousa@hotmail.com

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Faça parte do Box Fashion
Alto verão da Duque Polo

Faça parte do Box Fashion

Oi pessoal, como sabem trabalho aqui no Box fashion como editor de conteúdos. Aqui eu além de planejar temas, escrever matérias e compartilhá-las nas redes sociais do site, eu também tenho o enorme interesse em fazer do BOX um lugar que seja a vitrine dos talentos dessa indústria criativa. Por isso em 7 meses de site tenho convidado amigos e conhecidos para usarem esse espaço como ferramenta colaborativa de exposição de ideias e talentos.

 

Sendo assim, hoje vim falar pra vocês que querem mostrar suas ideias, textos e talentos envolvendo criatividade e nossa indústria de moda local para lhe fazer um convite. Quero convidar você para colaborar com conteúdos pro site, usar a plataforma como vitrine, mostrar suas ideias, pensamentos, talentos e etc.

 

faça parte do box fashion

 

Nós oferecemos a você como colaborador de conteúdos as seguintes coisinhas:

  1. Você pode montar um portfólio de seu talento aqui, e compartilhar os links mandando bem no que faz pra todo mundo ver;
  2. Divulgar seu trabalho no Box faz diferença, nossa preocupação não é somente comercial, nosso conteúdo é nosso melhor valor, e você vai fazer parte disso;
  3. Você passa a ser conhecido de nossos leitores; e fazer novos contatos profissionais pelas redes é super bacana, nós te ajudamos nisso também;
  4. Pode conseguir novas oportunidades profissionais, participar de projetos, ou trazer seu projeto e somar as forças do site para ser ajudado de volta;
  5. Quando o Box Fashion se tornar o melhor e maior site de moda da região, você vai fazer parte disso. Num é incrível? Caramba, é do c@#$%*&.

 

O que precisamos?

  • Que você seja curiosa(o), e comprometida(o) com o site;
  • Precisa escrever bem;
  • Precisamos que traga novas ideias para gente fazer juntos as coisas se moverem;
  • Precisa também escrever sagradamente uma vez por semana.
  • E ser apaixonada(o) pelo polo de confecções de Pernambuco.

 

 Nós não queremos?

  • Quem pretende somente falar de suas coisas pessoais.
  • Se você tem preguicinha de ter ideias, rapa fora.
  • Se você acha que o mundo da moda é somente glamour e aparecer bem vestido em festas, bom, nós queremos mais que isso.

 

faça parte do box fashion

 

Como faço para participar?

Escreva um texto sobre um assunto que goste na moda pode ser sobre: publicidade, marketing, estética, desfiles, marcas, tendências, internet, comportamento, públicos, feiras locais, centros de compras, dicas para confeccionistas, dicas para consumidores, artes, cultura popular (S2), teatro, cinema, música, moda nacional, indústria confeccionista e etc..

>> Vamos avaliar: regrinhas básicas de português, originalidade, criatividade, quantidade de parágrafos e relevância do conteúdo.

 

Gostou, e agora?

Quer fazer parte do Box Fashion?

  1. Envie para: rodolfo@boxfashion.com.br
  2. Prazo para envio: 20 de novembro de 2015
  3. Quando enviar a matéria, informe sobre o que deseja escrever.
  4. Cada pessoa só pode enviar apenas 01 matéria que pode conter imagens, textos, vídeos e animações com suas respectivas fontes (cite as fontes pelo amor dos direitos autorais).

 

Não esqueça de enviar nome completo, cidade, formação ou função (não é necessário ter faculdade) e, acima de tudo, todos os endereços de suas redes sociais. Se tudo der certo e a gente não descobrir que você está envolvido(a) com a operação Lava Jato, te mandamos um e-mail com “Ô CHAMADO.”

 

Importante

  • O dia semanal que for combinado de postar é você quem determina e isso a gente combina.
  • Não precisa currículo, basta ser bom no que faz e ter tempo pra dedicar um pouquinho de atenção.

 

O BOX FASHION é totalmente colaborativo e por enquanto não podemos arcar com qualquer tipo de premiação. Isso significa que você sabe que não estamos te contratando para um serviço formal, nem uma vaga de emprego formal. Estamos te oferecendo um espaço parceiro para você arrasar na internet com os assuntos que você gosta.

Ao enviar a matéria, você está concordando que publiquemos seu texto no www.boxfashion.com.br e que a contribuição é de caráter colaborativo, não empregatício.

 

Aguardo você e seu talento aqui.

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Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.

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A moda no polo não será a mesma, mulheres costuram direitos
Todas as vozes numa só, agora é que são elas

Diálogos sociais na moda: entrevista com Sandra Roberta

 

 

Sandra RobertaSandra Roberta é professora e pesquisadora social do polo de confecções (Mestre em Ciências Sociais pela UFCG/PB), trabalhou engajada em associações religiosas, foi vendedora em feiras, costureira com vasta experiência nas questões críticas e sociais do Polo de Confecções do Agreste pernambucano. Sua mais recente atividade como pesquisadora foi a publicação dos estudos realizados sobre as condições de trabalho das mulheres costureiras trabalhadoras do polo, em parceria com diversas instituições e parceiras(os) pesquisadoras(res) a publicação dos estudos realizados sobre as condições de garantias de direitos às mulheres costureiras trabalhadoras do polo. Um material riquíssimo disponível para download clicando AQUI.

 

Em entrevista exclusiva ao Box Fashion Sandra representou as pessoas envolvidos no projeto e falou sobre motivações pessoais e inquietudes como mulher e pesquisadora, falou sobre o projeto construído a muitas mãos, cuja finalidade é promover o diálogo social sobre a cultura da informalidade no polo, a desvalorização da mulher no trabalho da moda no polo de confecções.

 

Box Fashion: Sobre o projeto “Diálogo Social – Mulheres costurando direitos” o que é?

Sandra Roberta: O projeto tem parceria do DIEESE e Nova Central Sindical dos Trabalhadores e prefeituras de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru.  com o objetivo de estabelecer o dialogo social para redução da informalidade no polo de confecções. Em 2013 as coordenadorias da Mulher dessas cidades foram incluídas e nesse cenário delimitamos um foco de estudo sobre o trabalho das mulheres no polo. Fizemos formação com alunos de diversas instituições de ensino Superior e Técnico Após a formação saíram a campo para fazer a pesquisa junto as mulheres.

 

Lançamento da cartilha Diáogos Sociais: mulheres costurando direitos - Foto perfil da professora Luana Taís - Facebook
Lançamento da cartilha Diálogos Sociais: mulheres costurando direitos – Foto perfil da professora Luana Taís – Facebook

 

Box Fashion: Quais as motivações pessoais que moveram você no interesse dessa temática?

Sandra Roberta: Quando eu cheguei em Pernambuco, eu obviamente, como todo mundo, me embrenhei na confecção, não havia outra escolha. Foi uma questão de sobrevivência junto à minha família. Costurei, vendi na feira. Mas eu me perguntava sobre essa realidade, e eu não entendia como as pessoas conseguiam ganhar dinheiro e viver em lugares tão precários. Nada havia estrutura, como por exemplo: o carro do ano que passava pelo esgoto a céu aberto na porta da mesma  casa. Haviam contradições que eu não entendia. Quando eu fui ser professora, isso se acentuou:a questão evasão escolar devido o trabalho, baixo índice de escolarização. Em atividades desenvolvidas com a igreja católica, pude ver mais de perto questões que envolviam as/os jovens como a prostituição, gravidez na adolescência e as drogas ralando soltas no mesmo lugar onde a prosperidade também acontecia. Mas eu via e “achava” essas coisas sem aprofundamento científico. Eu precisava entender isso e com o mestrado essas questões passaram refletidas de forma mais aprofundada. Tem jovens que trabalham na fábrica formalmente (com carteira assinada ou não), em casa ajudam ou pais e ainda confeccionam pra si mesmos. Ou seja, tem uma jornada tripla de trabalho. É muito trabalho pra pouca vida. Além do que na região não há opções de lazer. Eu via dois lados da moeda e precisava entender aquilo.

 

“Tem jovens que trabalham na fábrica formalmente(…), em casa ajudam ou pais e ainda confeccionam pra si mesmos. Ou seja, tem uma jornada tripla de trabalho. É muito trabalho pra pouca vida.”

 

Box Fashion: E por que a mulher é o foco do estudo: “Mulheres costurando direitos”?

Sandra Roberta: São as mulheres que estavam na invisibilidade, agora se tornam visíveis através dos resultados do projeto. E são elas que produzem as roupas vendidas nos centros de compras, é uma quantidade gigantesca de mulheres costureiras. Há também homens, principalmente em Toritama, mas as mulheres faccionistas formam um grupo de estudo interessante para o projeto, pois elas acabam conciliando vida doméstica com o trabalho dentro de casa. Isso é muito representativo na perspectiva da informalidade. Tem delas que trabalham mais de 16 horas por dia com a costura, fora o que fazem em casa, com filhos, maridos e etc. Realmente são as mulheres que fazem o polo. Outra questão importante é que as empresas estão formalizando o chão de fábrica, mas as facções que são comandadas pelas mulheres, em sua maioria, continuam na informalidade.

 

“Trazer esse diálogo ajuda e perceber e concretizar a costura de direitos.”

 

Box Fashion: Quais as próximas etapas do projeto?

Sandra Roberta: Estamos vendo a proposta de realizar uma análise qualitativa com os dados que já temos. E a partir disso propor ações de politicas Públicas nas prefeituras, como por exemplo: a questão do incentivo ao trabalho coletivo, associativismo. No entanto historicamente o polo não tem tradição de atividades coletivas, embora de desenvolva em unidades familiares, com as redes de solidariedade, parentesco e vizinhança, não há experiências de associativismo, sindicalismo. O que há, são associações de empresários e não de trabalhadores; as costureiras, designers, estampadores, dentre outros, estão soltos e de certa forma desorganizadas/os. As pessoas estão culturalmente individualizadas e isso reflete na cidade, e de que forma os direitos são/ou não requeridos é uma questão cultural. Estamos pensando em trabalhar nas próximas etapas, conversando um pouco mais sobre a questão da coletividade e de que forma é possível começar a pensar na execução dessa ideia. 

 

Box Fashion: E quanto ao trabalho que está sendo feito, de permitir acesso a informação, propor ações concretas, o que se espera como idealização de frutos a colher disso tudo?

Sandra Roberta: As mulheres poderão perceber que são sujeitos autônomos, e que podem construir e costurar seus direitos. Não se trata de ser autônomo somente por trabalhar fora da fábrica, mas possuir autonomia concreta de escolhas, poder lutar pelos próprios salários, pelo preço das peças costuradas (que levam a jornadas extensivas), melhorar sua própria condição de vida. Trazer esse diálogo ajuda e perceber e concretizar a costura de direitos.

 

Diálogos sociais na moda: entrevista com Sandra Roberta é parte integrante da matéria que noticia o lançamento da publicação da cartilha “Diálogo social: Mulheres costurando direitos”. Na ocasião o projeto citado nesta entrevista com Sandra Roberta foi autorizado para download gratuito pela plataforma Box Fashion, confira a matéria e procure nela o link do download clicando AQUI.

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A moda no polo não será a mesma, mulheres costuram direitos
Totalmente de menos: isso não é moda

A moda no polo não será a mesma, mulheres costuram direitos

O polo de confecções pernambucano é um oásis de desenvolvimento, tecnologia e empreendedorismo de moda. Isso por senso comum crescemos ouvindo: “aqui não falta emprego, aqui todos vivem e trabalham”. Mas, a moda no polo não será a mesma. Pois esse maravilhoso universo de prosperidade que vivemos também abriga importantes contradições históricas que envolvem os mesmos fazedores da costura e da moda que o país inteiro compra.

 

Quais são essas contradições e como elas ocorrem na vida cotidiana de pessoas: homens, mulheres e famílias? Foram essas perguntas que inquietaram a professora e pesquisadora Sandra Roberta e Clarissa Carvalho (na época) responsável pela coordenadoria da mulher no município de Santa Cruz do Capibaribe, PE, ambas organizadoras da cartilha que juntas a tantos outros importantes estudiosos do polo moverem instituições, pessoas e interesses na empreitada de conhecer a fundo as problemáticas do polo de confecções de Pernambuco.

 

Por exemplo: você já se perguntou por que as mulheres costureiras trabalham duro na confecção enquanto os homens são responsáveis pela parte de negociar os produtos nas feiras? Ou por que elas preferem estar trabalhando em suas casas e facções com jornadas de trabalho exaustivas (principalmente no final de ano) além de serem mães, mulheres e donas de casa? E por que mulheres que costuraram a vida toda se aposentam como agricultoras e não como costureiras? Essas e outras perguntas deram início aos estudos, pesquisas, oficinas e seminários que resultaram na recente publicação: “Diálogo social, mulheres costurando direitos”. 

 

Dados extraídos da cartilha: Diálogos sociais: Mulheres costurando direitos - pág.: 31
Dados extraídos da cartilha: Diálogos sociais: Mulheres costurando direitos – pág.: 31

 

Em entrevista exclusiva ao Box Fashion, Sandra Roberta contou como o projeto de investigação social dessa temática aconteceu, mostrou os dados levantados e sinalizou possíveis ações que darão continuidade ao projeto que cutuca a pensar que a moda no polo não será a mesma, mulheres costuram direitos.

 

Para ser ter uma noção das informações levantadas: os gráficos mostram no universo total de mulheres pesquisadas uma clara, porém confusa relação dos ambientes de trabalho e convivência familiar nos espaços de facções domésticas, onde a garantia de direitos e segregação por gêneros (masculino/feminino) na divisão do trabalho, na carga horária e acúmulo de funções sempre colocam a figura da mulher, como principal agente realizador do trabalho, ou seja, não é um eufemismo dizer que o polo é feito por mulheres; e entender se isso é bom, ruim e como é bom e como é ruim são questões que as equipes envolvidas nos estudos ainda planejam analisar. Confira alguns dados interessantes:

 

Numa análise superficial, é possível perceber que entre prós e contras, ser mulher costureira não é fácil no polo, e algumas das vantagens não passam de um engodo, uma cilada:

 

benefícios
Dados extraídos da cartilha: Diálogos sociais: Mulheres costurando direitos – pág.: 32

 

 

Dados extraídos da cartilha: Diálogos sociais: Mulheres costurando direitos - pág.: 33
Dados extraídos da cartilha: Diálogos sociais: Mulheres costurando direitos – pág.: 33

 

Perceba a importância desses estudo e entenda por que essa matéria carrega o título: A moda no polo não será a mesma, mulheres costuram direitos. O estudo e os dados coletados já estão disponíveis gratuitamente (ôbaa) para download, clicando AQUI, sendo um material incrível de interesse de estudantes envolvidos na indústria criativa, profissionais e cidadãos. A entrevista completa com Sandra Roberta está em nosso blog e pode ser lida clicando AQUI.

Sobre Box Fashion - redação

Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion

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1º Curso de teatro em Santa Cruz começa neste sábado
Diálogos sociais na moda: entrevista com Sandra Roberta

1º Curso de teatro em Santa Cruz começa neste sábado

Idealizado por Bruno Melo, diretor teatral, produtor e ator, o estudante de Arte mídia da UFCG abre neste sábado o 1º curso de teatro em Santa Cruz. O curso tem duração de 11 meses, com aulas sempre realizadas aos sábados e mensalidade acessível: R$ 40,00 mensais.

No projeto o trabalho de jogar teatro irá permitir aos alunos abrir o olhar para a realidade indo além do exposto, investigar o mundo e a linguagem de possibilidades teatrais em módulos de ensino prático de improvisação e criatividade.

Ao final do curso os alunos terão possibilidade de fomentar a cultura local e montar com produção de Bruno Melo duas apresentações teatrais para serem vistas pela cidade. O curso ainda oferecerá certificados, acontecerá aos sábados na Usina 231, avenida Padre Zuzinha, em Santa Cruz do Capibaribe. As vagas são limitadas e a inscrição pode ser feita  pelo site do projeto clicando aqui. E no Instagram clicando aqui.

 

Bruno Melo

bruno meloEstudante e pesquisador da graduação de Arte e Mídia – UFCG-PB, tem voltado seus estudos para o trabalho do corpo e das artes cênicas, estudos práticos e teóricos nas áreas do teatro, da performance e da dança. Já atuou, produziu e dirigiu algumas peças na cidade de Santa Cruz do Capibaribe com seu antigo grupo de teatro como na peça Não Existe Racismo no Brasil, Negão! e em O Santo e a Porca. Atualmente faz aulas de Ballet Clássico no Centro de Artes da UEPB e técnica vocal na UFCG. Participa desde 2013 na produção do Festival Atos de Teatro Universitário do curso de Arte e Mídia e em produções multimídias e trabalhos de conclusão do curso, como instalações artísticas, peças teatrais, videoclipes, como assistente de arte e produtor.

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