Coleção Vista Margarida uma narrativa da moda e mulher do campo | Como vocês já devem saber o Box Fashion sempre procura fuçar o mundo da moda em busca de talentos genuínos e trabalhos admiráveis para os olhos e para a alma. Meu interesses é fomentar e informar sobre o que mais além do trivial se pode fazer da moda, em moda e para a moda. Nessa busca fomos apresentados por Bruno Melo, ao projeto de seus amigos em Campina Grande chamado Vista Margarida da marca Esqueleto de flor. De nossas conversas via WhatsApp e Facebook a pontinha do barbante descortinou uma obra maravilhosa de encher os olhos e corações de quem o ver. E é claro que de cara tudo isso precisava marcar presença aqui no site e em nossas redes sociais.
ESQUELETO DE FLOR A MARCA
Falar sobre a marca é citar a coleção que tem como inspiração a simplicidade do interior, da mulher do campo e das mudanças que esse cenário vem sofrendo. Foi construída com elementos simples e compostos ao mesmo tempo e tem, além de uma mistura inusitada de tecidos, que está o DNA da marca, cores que fazem referência ao campo, à terra, ao sangue que foi derramado por Margarida [Maria Alves] e no movimento que dessa figura nasceu: a Marcha das Margaridas. “A Vista Margarida é bastante colorida, pois quis retratar a força que vem dessa mulher e sua história, que mesmo sendo trágica, é cheia de esperança, alegria e diversidade.” diz Jefferson de Souza, Diretor Criativo da Esqueleto de Flor.
O PROJETO
O Vista Margarida além de uma coleção de roupas é um projeto que celebra a liderança feminina na zona rural nordestina, criando novos olhares para essas pessoas que historicamente tiveram uma vivência de dor, sofrimento, ignorância e passividade e, por isso, procurou aliar-se com organizações que são movidas pelas mulheres dessa região, que assim como Margarida Maria Alves, nossa musa inspiradora, acreditam no trabalho como caminho para a dignidade do ser humano com justiça e igualdade.
PROCESSO CRIATIVO E FEITURA
“Em todas as visitas, fomos recebidos por Dona Maria Helena, a cooperada que se coloca a frente da iniciativa, no local onde estão as estufas, que entre piadas e olhares curiosos no set, tratou nossa equipe com muito bom humor e hospitalidade, e nos mostrou que sabe liderar o espaço com primazia. O lindo cenário nos proporcionou o clima desejado para as fotos. Pudemos criar um universo bucólico e que traz as cores da região, que faz parte do universo de Margarida, sem gerar um clima lúdico, uma vez que o tema trata de uma realidade em que a fantasia dos contos de fadas não se faz muito presente. Tínhamos elementos essenciais para essa produção: terra, vegetação, as flores, a energia do trabalho realizado no ambiente, a história daquelas mulheres cooperadas em cada canto daquele espaço. Envolvidos nessa atmosfera campestre conseguimos levar o projeto para um lugar de naturalidade, dramaticidade, honestidade, beleza, arte e moda.” relata Lucas Truta, diretor geral do projeto.
MARGARIDA MARIA ALVES
A musa de inspiração da coleção nasceu em 5 de agosto de 1933, na cidade de Alagoa Grande, e foi a primeira mulher presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da região. Foi uma mulher forte que conseguiu fugir dos estereótipos que lhe foram impostos como mulher nordestina e camponesa. Margarida trabalhou na defesa dos direitos dos trabalhadores e, por isso, entrou em conflito com o interesse dos latifundiários, que enxergavam nela uma ameaça. No discurso realizado no dia do trabalho de 1983, na cidade de Sapé, a sindicalista declarou: “Eles não querem que vocês venham à sede porque eles estão com medo, estão com medo da nossa organização, estão com medo da nossa união, porque eles sabem que podem cair oito ou dez pessoas, mas jamais cairão todos diante da luta por aquilo que é de direito devido ao trabalhador rural, que vive marginalizado debaixo dos pés deles”. Três meses depois, Margarida foi assassinada em frente à sua família a mando de um rico proprietário de usina da cidade, mas a sua voz não morreu, ela continua ecoando nos ouvidos de quem acredita na luta pela igualdade de direitos. Com sua morte foi criada a Marcha das Margaridas em sua homenagem e que é feita até hoje. No lançamento do projeto e da coleção, além do desfile o espetáculo contarou com apresentações de Sandra Belê e um grupo de mulheres do quilombo de Alagoa Grande (cidade de Margarida Maria Alves), Caiana dos Crioulos no Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande/PB.
O EDITORIAL
As fotos do editorial foram feitas nas ruínas da usina de Santa Maria (Pilões/PB) e na COFEP (Cooperativa de floricultores do Estado da Paraíba), uma cooperativa fundada em 1999, por iniciativa de Karla Cristina Paiva Rocha, que junto a outras mulheres da zona rural do município de Pilões, no Brejo Paraibano, buscaram uma forma de empreendimento que trouxesse autonomia financeira para quem estava restrita ao ambiente doméstico, como esposa e dona de casa. Com a ajuda do SEBRAE, decidiram que o novo negócio estaria ligado a plantação e comercialização de flores, enfrentaram os olhares de negação dos próprios maridos e familiares e venceram a barreira do machismo fazendo com que hoje a cooperativa consiga beneficiar mais de 100 pessoas direta e indiretamente com o que é produzido dentro de suas 60 estufas.
Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.
VAMOS COM CALMA, COMECE PELO COMEÇO: Depois do meu retorno do coma após o lançamento de Formation, que aconteceu dia 06 no mês passado, vim hoje me deliciar comentado sobre a maior obra prima que Beyoncé já colocou na terra, depois da Blue Ivy, que inclusive aparece no vídeo.
>> Um dia depois do aniversário de Trayvon Martin’s e um dia antes do aniversário de Sandra Bland’s, Beyoncé lança sua próxima música de estúdio, Formation, acompanhada do lançamento do vídeo clipe, não no Vevo, e sim na conta pessoal no You Tube (retirado do canal).
>> No dia seguinte ela rouba a cena de Coldplay e do incrível Bruno Mars com a apresentação fodastica no 50ª Super Bowl Halftime Show. Em seguida, mesmo sem o lançamento oficial da Columbia Records a música entra espontaneamente na programação das rádios nos EUA.
>> Depois Beyoncé anuncia a venda de ingressos para sua nova turnê mundial, Fotmation World Tour. Que esgota 16 shows dos 39 que foram marcados em menos de duas semanas e vende U$ 100 milhões em ingressos antes mesmo de começar. Paralelo a isso a rainha do marketing lança em sua grife peças com referências a nova música. Vejas as peças clicando aqui. Ficou chocada? Tem mais:
ATIVISMO HOJE
ATIVISMO AMANHÃ
ATIVISMO PARA SEMPRE
Beyoncé até então era a Diva gay que endemoninhava seu público a cada lançamento de álbum, vídeo clipe, turnê, apresentações em festivais, em premiações, cortes de cabelo, etc. com canções que sempre falaram de sentimento, amor, relacionamentos, o poder dela, exaltando seu ego, o poder do seu dinheiro, com o qual afirmava seu espaço. Poder enquanto mulher fora dos padrões estéticos, da época quando surgiu na mídia, padrão, que inclusive, ajudou a mudar quando começou a ascender. Poder econômico depois que através desse passou a assumir elementos e lugares que naturalmente não pertence(iam) ou podiam pertencer a mulheres negras.
Sua estética e estrutura de marketing enquanto entertainer não mudaram tão aparentemente ao longo de sua carreira. Seus shows, coreográficas e suas batidas seguiam as tendências estéticas e de marketing de cada época em que um trabalho novo era lançado e até aqui estava tudo ok, por que ela era a Beyoncé e todos nós ainda sempre ficávamos bestificados com sua potência vocal, seu fôlego pra dançar e cantar ao mesmo tempo sem desafinar. Eu não tenho dúvidas de que se ela continuasse seguindo a mesma forma e fórmula conseguiria se manter em alta.
Agora atente para o fato: Beyoncé sabe o tamanho que a bunda dela tem e ela gosta de ser sexual. E ela vai dizer para o cara se sentar e a assistir caladinho enquanto ela dança para ele (veja: Dance for you). Então me diga, quem é objeto de quem aqui? Se você acha que ela se coloca numa posição submissa, eu digo que ela sabe o poder que a sexualidade dela tem e não tem pudor em usá-la, não para agradar alguém, mas pelo puro prazer de ser sexual.
“A questão é que ela é mulher e óbvio que sempre que ela estiver usando sua sexualidade será para objetificação do desejo masculino.Por que homens podem andar sem camisa, sentar com as pernas abertas sem constrangimento com o tamanho do pacote fazendo volume na calça, mas tudo bem, esse é o lugar natural deles. Não da mulher, uma mulher não pode deixar o bico do seu peito marcar sua blusa, por que isso é vulgar.”
O fato é que ela foi crescendo e amadurecendo enquanto artista, empresária e pessoa. Foi a partir de seu álbum 4 que as coisas começaram a mudar; o tom ao qual ela passou a tratar seus velhos temas muda aqui. O álbum tem hit’s como End Of Time e Best Thing I Never Had, mais comerciais, óbvio. Ela participa de um sistema muito bem articulado e tem que se adequar a forma pra ser quem ela quer ser. Porém, foi nesse álbum que ela começou a falar de feminismo, em Run The Worlds (Girls), ou de fazer amor de uma maneira embriagante e extremamente sexy, em 1+1. Foi nessa época que ela gravou seu documentário, teve sua filha e deu uma pausa na carreira. Pra dois anos depois voltar com a turnê desse álbum já saturado no mercado.
Mas ela foi, e lotou estádios sem músicas novas. E na mesma turnê ela lança um álbum novo do nada com um clipe pra cada música e simplesmente começa a mesma turnê novamente com músicas novas. E é aqui, no álbum intitulado BEYONCÉ que ela diz que é Flawless trazendo um discurso feminista de Chimamanda que estampa o telão de led dos seus shows, é aqui que ela diz que já é uma Grown Woman e sabe pra onde está indo. Aqui também ela diz na mesma música que gosta de boquete e que seu parceiro não precisa nem pedir que ela se ajoelhe, e ainda na mesma música usando como referência um trecho do filme The Big Lebowski ela diz, na parte em francês de Partition, que os homens pensam que as feministas não gostam de sexo, mas ela fala do ato físico mesmo, do coito. Mama Bey gosta e não tem problema em dizer isso. #arrepios
Li essa frase em uma resenha sobre o feminismo da Beyoncé e resume bem meu pensamento a respeito: “Não precisamos defender o feminismo da Beyoncé, nós temos a Beyoncé […] A definição do feminismo não é limitada para as mulheres que se parecem com você” (clique aqui para consultar a fonte).
AGORA SOBRE FORMATION
Assim como diz em Grown Woman:
It took a while, now I understand / Just where I’m going / I know the world and I know who I am / It’s ‘bout time I show it.
Tradução minha: “Demorou um tempo, mas agora eu entendo onde estou indo, eu conheço o mundo e agora conheço quem eu sou. Tá na hora de mostrar isso”
E em Scholling Life ela diz “You know it costs to be the boss”
Tradução minha:
“Você sabe o que custa ser um chefe”.
Ela sabia em qual ferida estaria tocando quando decidiu se apresentar para 111 milhões de pessoas na quinquagésima edição do evento esportivo mais importante dos Estados Unidos, cantando para as garotas negras de todo o mundo entrarem em formação, adquirirem informação, (atenção para o maravilhoso trocadilho da música: “Ok ladies now let’s get in (in)formation”). Por que é só assim que um movimento se fortalece e ganha poder, com informação e articulação organizada em comunhão.
Era uma queixa sobre ela o fato de não se pronunciar antes a respeito de questões como essas, e eu me pergunto onde estaria o problema de ela apenas entreter com suas letras sem cunho político. Ou só por que ela é negra que precisa assumir todas as características de sua raça e herança cultural? Não pode fazer plástica ou dar chapinha no cabelo e o tingir de loiro? É um pouco controverso exigir dela que seja política e ativista desde sempre quando o próprio fato de ser negra, já é um ato de ativismo por natureza. Ela era negra e estava conquistando suas fatias nessa indústria.
Mas nós amamos ativista? A gente tem uma quedinha por eles? Sim nós temos! E é por isso que agora a gente admira e valoriza ainda mais essa mulher que fez o que fez e conquistou o que conquistou apenas sendo ela “sem gritar sua negritude” da forma que fez agora. A questão agora é que ela disse com todas as letras que é negra e tem orgulho disso. De cada elemento e particularidade que só negros reconhecem.
É claro que enquanto artista suas ações refletiam em um público que se identificava com ela, e ao que me parece, agora talvez ela tenha chegado à conclusão de que apenas ter sucesso sendo negra não era suficiente, ela precisava tornar isso mais claro. É por isso que incomodou, incomodou tanto que até a própria polícia ameaçou um boicote ao seu show em Miami, em resposta à Formation: “O ministro honorável Louis Farrakhan fez o principal discurso da Nação no evento do Dia do Salvador do Islã em Detroit, no domingo e afirmou que se as agências policiais estão se recusando a fornecer segurança de turismo para Beyoncé, então, a Nação do Islã vai” (veja completo aqui).
Depois do drama o SNL fez uma paródia com a reação dos americanos depois de descobrirem que a Beyoncé é negra:
https://www.youtube.com/watch?v=OFeyZCQIBBA
LETRA e a apresentação no
50 Super Bow Halftime Show
Na música ela diz para todos aqueles otários que adora o black da filha, que adora o nariz dela, que ela ainda gosta de molho picante, pão de milho e couve. Ela anda em carro de teto baixo. E ela não fala só sobre ser negrO, ela fala sobre ser negrA, rica. Aquela que leva o cara pra comer lagosta se ele a fuder direitinho, e se estiver de bom humor ela ainda o leva pra fazer umas comprinhas em seu helicóptero. E ainda diz em tom sarcástico que sabe o quão imprudente ela é ao fazer sucesso numa indústria de brancos e usar esses dólares brancos pra comprar um Givenchy de branco e sair arrastando ele em premiações por aí. Ela arrasa, quenga!
Como se não bastasse ela ainda convoca as negras de todo o mundo para se juntarem em formação com ela. E a platéia branca que foi obrigada a ver tudo isso em um espaço que naturalmente é seu ficou chocada. “Por que, tudo bem que você seja negro, desde que não fique negrando na minha frente e me traga a vista sua negritude”. Afinal de contas é vulgar… Essa Beyoncé é tão imprudente…
Ela fez (com algumas edições puritanas) vestindo uma jaqueta como a que Michael Jackson usou, vestindo suas dançarinas como os Panteras Negras, fazendo duelo de dança com o Bruno Mars. É claro que a sociedade protestante estadunidense iria se incomodar com aquela “magoa de cabocla”, por que não era em seu Twitter ou Facebook, nem foi em momento qualquer, foi um dia depois do aniversário da morte Trayvon Martin’s e um dia antes do aniversário de Sandra Bland’s, na abertura do principal festival esportivo deles. Em um espaço que naturalmente não era pra ser dela. “Em um lugar que não cabia discurso político”.
Por conta disso a polícia de Miami anunciou um boicote ao show da Beyoncé por acusar seu clipe de anti-polícia (magoa de cabocla), segura essa:
https://www.youtube.com/watch?v=L_Hgh7sPDLM
NEW ORLEANS E O FURACÃO KATRINAN
Em primeiro lugar você precisa saber que New Orleans fica no sul dos EUA, na Louisiana, um dos últimos estados do país a abolir a escravidão, cujo Ato de Emancipação dos negros cativos foi assinado em 1863, pelo presidente Abraham Lincoln, e que justamente aqui acontecem episódios constantes de crime racial e onde depois do furacão Katrinan:
“A população negra é, hoje, menor proporcionalmente àquela de antes. Quando o Katrina atravessou Nova Orleans, em agosto do ano passado, a cidade tinha 485 mil habitantes. Cerca de 70% eram negros. Aos poucos, os habitantes obrigados a deixar a cidade foram voltando. Mas hoje os negros são apenas metade da população.” (clique aqui para ver a fonte completa)
Você precisa saber também que New Orleans é berço e incubadora de vários rítmos negros estadunidenses como o R&B, o Jazz e o Bounce e que lá a cultura negra é sincrética e miscigenada como a nossa cultura negra baiana. Faz florescer movimentos naturalmente.
A MANSÃO
O vídeo tem cenas internas gravadas Fenyes Mansion, em Los Angeles, uma mansão que Ethan Tobman (Designer de produção) teve que preparar para atender ao estilo que predominava em New Orleans desde sua fundação, boa parte das cenas do vídeo são tiradas do documentário That B.E.A.T, que é ambientado no bairro mais negro da cidade e fala sobre o estilo musical Bounce, originário de lá, e que vale a pena dar uma conferida. Um detalhe interessante é sobre os quadros que você vê no clipe, eles foram pintados pela própria equipe que imprimiu quadros de pessoas brancas e os pintaram como pessoas negras por cima, visto que não há pinturas retratando senhores negros no período colonial dos Estados Unidos.
A VIATURA AFUNDADA
É clara a alusão aos crimes praticados por policiais contra os negros no clipe. Beyoncé começa em cima de uma viatura policial em um bairro alagado depois da passagem do Katrinan. E termina em uma das últimas cenas do clipe afundando com essa viatura, morrendo afogadA. Mas na última cena ela está bem prepotente balançando seu vestido Givenchy.
Figurino
Com produção impecável, o clipe leva novas e recentes coleções de roupa para a tela antes mesmo de chegarem nas lojas quebrando o paradigma do calendário de distribuição das coleções. Aparacem peças da Guci, Chanel, Zimmermann, Fendi e Alexandra Rich e quem cuida do figurino de Formation é Marni Senofonte e Shiona Turini. Clique nas fotos para ampliar em detalhes:
O GAROTO DE CAPUZ
Rouba a cena no vídeo dançando em frente a uma fileira de policiais com o gesto “hands up, don’t shoot” usado em protesto por todo o Estados Unidos após o caso de Michael Brown. Em seguida aparece no vídeo a frase pichada “Stop Shooting Us”: Parem de atirar em nós.
Samples
Beyoncé traz figuras como Messy Mya, um Youtuber da cidade de New Orleans, que comentava de maneira sarcástica o cotidiano da cidade para jovens como ele, assassinado em 2010 (clique aqui para saber mais) e a rapper Big Freedia (clique aqui para ver a fonte completa) conhecida como a rainha do Bounce.
Por essa e outras a gente aprende que ódio vira arte e transforma, por essas e outras que liberdade não deve ter precedentes além da ética humana. Por essas e outras que ser negro, bicha, maconheiro é um ato político. Parafraseando nosso amigo Peu no doc que quebrou a internet esse mês: Eu. Você. As pretas. As mulheres. As bichas. “Todo dia mais bicha, todo dia um level a mais. Igual Pokemon.” E nada de beijos pra inimigas. Beyoncé em Formation: ela arrasa quenga.
Sobre Box Fashion - redação
Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion
Boi Neon ao Bife cru, sem sal, sem filtro. De apelos extraordinários. Um pedaço de bife cru sem tempero e apresentado num quadro de milhões de pixels, sem filtro. E como é apresentado… Que dissimulado esse Diego Garcia (Diretor de Fotografia), que ódio da cara dele, como é que ele e Gabriel Mascaro (Diretor) conseguiram fazer isso? Uma Fotografia que parece provocar a gente o tempo inteiro, com uma câmera lenta e parada constante, com zoons tão delicados que te colocam dentro da cena, sem você nem se quer perceber como foi parar lá, uma sensação que sentia constantemente nos planos mais fechados. As cenas abertas são nada menos do que exuberantes e magníficas, como uma grande aquarela. É um vídeo-arte, com algumas cenas abstratas que são para o filme como a rima é para um poema. Nenhuma cena, nenhum quadro, é apresentado sem o propósito mínimo de ser poético e metafórico, sem um cuidado milimétrico de composição.
Extraordinário
O enredo é como um recorte da vida, sem acontecimentos extraordinários, sem nenhuma problematização eloquente. E como não pode ser eloquente um filme sobre um vaqueiro que quer ser estilista, que trabalha com uma caminhoneira mãe solteira? O roteiro, também de Gabriel Mascaro não apela com nenhuma problematização abordada nesse espetáculo (é muito mais do que um filme). E vamos lá: Nu masculino na tela; sexo na gestação; desconstrução de papeis e de gênero; um nordeste sem clichês; sexo e sexualidade; cultura híbrida, com um boi híbrido, pop, um boi neon no meio da arena da vaquejada… Tudo isso dentro de um mesmo filme. Ele é estupidamente simples e justamente por isso consegue ser tremendamente eloquente e extraordinário.
Eu me pergunto se o Gabriel Mascaro usou imagens, cheiros e sabores para escrever esse roteiro ao invés palavras. Eu me pergunto se ele deu um story board a Diego Garcia ou um abraço antes dele começar a gravar cada cena (Ok, eu estou sendo dramático, mas não me culpem, o filme me deixou ainda mais emotivo do que o natural). Amo cada vez mais ser pernambucano.
Raqueirão de meu deus do céu
E o que é Juliano Cazarré atuando (Ver Febre do Rato e Cerra Pelada), o que é a cara desse homem, o corpo, os braços, as pernas (as pernas), o abdome, a (parei)! Ele tem uma beleza rústica, forte, que não pede licença, e nem se desculpa (safadeza, da porra, homi te dana), e que assenta com perfeição ao cenário quente e árido do agreste, as cercas e os bois (que parecem ter sido inventados para as lentes de Diego Garcia). Se a beleza desse homem fosse um palavrão seria ‘Febe Tife’ ou ‘Grenguena dos Inferno’ dito com agonia de dentes trincados. E mesmo assim ele consegue criar um personagem delicado, genuíno, sublime exatamente como o filme é. Sem nenhum exagero.
Cacá vai virar meme, abestado
Eu não poderia deixar de comentar Cacá (Alyne Santana, que é de Santa Cruz do Capibaribe), que pra mim se tornou ídolo, inspiração, referencial. Não é uma tendência, Cacá é muito mais que um estilo, Cacá é uma filosofia de viver… Brincadeiras à parte Cacá na verdade sou eu, ou é você, ou é aquele primo, aquela tia, o nosso avô. Cacá e sua mãe (Maeve Jinkings) são o ícone da maneira como o nordestino se trata, tem amor, tem carinho, não tem delicadeza, não tem meia boca.
O filme mantém um mesmo ritmo lento do começo ao fim, com cerca de uma hora e trinta de duração quando chega ao fim você não acredita que se passaram 15 minutos. Belo, sublime, delicado, verdadeiro Boi Neon é o 3º longa de Gabriel Mascaro, seu primeiro foi o documentário Domesticas (onde os patrões eram convidados a filmar suas empregadas) e em seguida Ventos de Agosto.
Prêmios
Melhor Filme: Festival do Rio
Melhor Roteiro: Festival do Rio
Melhor Atriz Coadj: Festival do Rio
Prêmio Especial: Festival de Veneza
Mensão Honrosa: Toronto Film Festival
Melhor Filme: Adelaide Film Festival
Melhor Filmes: Warsaw Film Festival
Prêmio da Crítica: Hamburg Film Festival
Prêmio da Crítica: Panorama de Cinema
Prêmio Especial: Panorama Cinema
Prêmio Ficunam: Panorama Cinema
Mensão Honrosa: Panorama Cinema
Bruno Melo é estudante e pesquisador da graduação de Arte e Mídia – UFCG-PB. É ator e já atuou, produziu e dirigiu algumas peças na cidade de Santa Cruz do Capibaribe. Participa desde 2013 na produção do Festival Atos de Teatro Universitário do curso de Arte e Mídia e em produções multimídias e trabalhos de conclusão do curso, como instalações artísticas, peças teatrais, videoclipes, como assistente de arte e produtor. É idealizador de um projeto do amanhã: o Jogar Teatro com aulas aos sábados na Usina 321.
Sobre Box Fashion - redação
Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion
Muito provavelmente você já deve ter visto ou ouvido falar da inauguração no Brasil do Museu do Amanhã no Rio de Janeiro na praça Mauá. “([{Abre parênteses dentro de aspas dentro de colchetes dentro de chaves pra falar desse museu}])” Já chego com você onde quero chegar. Prossiga.
Tempos modernos: o Amanhã já está acontecendo hoje
Um espetáculo à parte desde sua concepção até sua inauguração. Coberto de metáforas, poesia e atitude, seja em seu nome, ou o lugar onde ele foi erguido, com vista deslumbrante para a Baia de Guanabara, até a descrição de seu endereço no próprio site do museu: “Praça Mauá, 1 – Centro. Rio de Janeiro, RJ – CEP: 20081-262. Evite ir de carro, não há estacionamento no Museu do Amanhã”. Nem no museu do manhã, nem nos supermercados do amanhã. (“Can I get amem?”)*
O Museu do Amanhã, erguido no Píer Mauá, faz parte do projeto de revitalização da Zona Portuária do Rio. Dentro desse mesmo projeto de reurbanização o empasse para a derrubada do Elevado da Perimetral, uma via expressa que interligava a Zona Sul do Rio com dois grandes pontos de acesso, a Avenida Brasil e a Ponte Rio-Niterói, que levou 21 anos para ser totalmente erguida, de 1957 até 1978. E palmas para o prefeito Eduardo Paes, que autorizou a derrubada de toneladas de aço. Será que já poderíamos considerar isso uma performance artística?
Além disso, como não poderia ser diferente toda a obra foi realizada com princípios sustentáveis e o próprio projeto arquitetônico, planejado por Santiago Calatrava procura aproveitar o máximo de luz do dia, refrigeração com a água da baia, que é devolvida para a de novo ao mar + espelho de água em frente ao museu que ajuda a diminui a temperatura do ambiente em 2 graus, outro espetáculo à parte são as hastes móveis que seguem a trajetória do sol, para capturar energia solar.
Com espaços para exposições temporárias e fixas, um café, um auditório com capacidade para 400 pessoas, apresentando uma palestra por semana, uma loja, o observatório do amanhã que tem parceria com várias instituições nacionais e internacionais e que apresentará dados atualizados sobre a situação do planeta, e oferecendo oficinas e muito mais. A primeira experiência extra-sensorial dos visitantes é com o Portal Cósmico, um domo que exibe um filme de 8 min. em 360º sobre a evolução do planeta, dirigido por Ricardo Laganaro, e tudo isso por um preço de R$10,00 a entrada.
O grupo dinamarquês Superflex se encarrega das primeiras exposições do museu e traz os projetos como Free Beer (clique aqui para ver), onde os visitantes tem a oportunidade de saborear uma cerveja cuja receita é livre e não tem registro de marca, podendo qualquer pessoa comercializá-la. Além dessa há também a Copylight, aqui os visitantes trabalham e fazem objetos, além do “Passeio de Baratas”, onde os visitantes são convidados a caminhar pelo museu sobre a perspectiva dessas criaturinhas, que ficarão aqui na terra por muito mais tempo que nós.
Uma perfeita definição sobre o conceito do museu está descrita no site do Amanhã (Eu tô amando a escolha dessa palavra como nome pro Museu):
“O grupo Superflex expõe como poucos as engrenagens que movem o mundo. Por meio da sua arte, questiona temas como trabalho, produção, consumo de massa, propriedade intelectual, tecnologia, poder, dinheiro e arte. Nada melhor, assim, para inaugurar o Museu do Amanhã, que, inevitavelmente, terá de lidar com as mesmas questões […] Eles estão certos. Um museu será relevante no século XXI na medida em que mantiver conexões vivas com o maior número possível de redes e organizações locais e globais, e com a comunidade da qual faz parte, empoderando-a.”
Essa metáfora palpável e gigantesca, de concreto que é o Amanhã me faz linkar com o nossos próprios museus do amanhã, centros de compras imensos, que infelizmente pouco consideram em seus projetos abordagens e posturas sustentáveis.
Cada um dos que já exite e dos que estão por vir a cada trimestre nos diz o que virá pela frente, modas são jeitos de vestir, e seu jeito de vestir é um posicionamento. E como estamos nos posicionando? Em nosso trabalho, nas empresas, na política do hoje e do amanhã? E em nossas próprias casa. Não falo apenas de separar o lixo orgânico do lixo sintético, mas além. A maneira como estamos produzindo e distribuindo a confecção daqui. Temos um closet gigantesco com inúmeras variedades e muita qualidade, mas precisamos nos lembrar 24 horas por dia que o mundo não se restringe as paredes de nossa casa e o que de excesso que botamos para fora dela não some com o vento. Uma prova disso é o Rio Capibaribe. O que vestimos foi feito por alguém e tudo o que consumimos pode voltar em um dia de chuva e bater na nossa porta dizendo – “Lembra de mim?” (copinho de café).
É um círculo que está em movimento constantemente. A sustentabilidade é como a moda: as mesmices da moda voltam atualizadas, as mesmices da natureza voltam enfurecidas.
*Posso ter um amém?
Bruno Melo é estudante e pesquisador da graduação de Arte e Mídia – UFCG-PB. É ator e já atuou, produziu e dirigiu algumas peças na cidade de Santa Cruz do Capibaribe. Participa desde 2013 na produção do Festival Atos de Teatro Universitário do curso de Arte e Mídia e em produções multimídias e trabalhos de conclusão do curso, como instalações artísticas, peças teatrais, videoclipes, como assistente de arte e produtor. É idealizador de um projeto do amanhã: o Jogar Teatro com aulas aos sábados na Usina 321.
Sobre Box Fashion - redação
Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion
Não faz muito tempo que o Box Fashion noticiou a chegada do projeto JOGAR TEATRO em Santa Cruz do Capibaribe (leia mais aqui). O projeto ganhou forma e nos últimos meses vem preparando jogadores, como são chamados os participantes para as artes cênicas com base em métodos de improvisação.
O 1º time formado por jogadores de cidades como Santa Cruz do Capibaribe e também Taquaritinga do Norte já retorna as atividades após recesso de final de ano neste sábado dia 09 de janeiro. 2ª time do Projeto Jogar Teatro começa em janeiro está sendo montado pelas mãos do produtor teatral do curso Bruno Melo em diversas divulgações no site e nas redes sociais do projeto. com horários possíveis nos finais de semana aos sábados pela manhã, domingos manhã ou tarde com valor de R$ 40,00 mensais.
Aqui na redação a felicidade nossa é enorme de saber que um projeto dessa importância tem dado tão certo. Vamos continuar apoiando e incentivando a cultura e queremos convidar você a também fazer parte disso. Por falar incentivar, que tal numa dessas tardes de sábado visitar a Usina 231 na Rua Grande em Santa Cruz do Capibaribe e se achegar para conhecer o projeto. Não jogadores podem entrar sem problemas na Usina para assistir uma aula experimental. AH! Clique nas imagens para conhecer os atuais jogadores, mas lembramos que alguns faltaram nessas fotos.
Sobre Box Fashion - redação
Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion
Nós já fizemos apostas para 2016 e você pode conferir as nossas 6 previsões clicando aqui. No embalo da virada conversamos com players da moda e formadores de opinião para saber em que eles apostam suas fichas neste ano tão esperado. Designers, empreendedores, jornalistas e amigos do Box Fashion cruzaram os dedos e apostaram também. + apostas para o polo em 2016 por quem faz ela acontecer:
Em 2016 aposto na DESCONEXÃO. Aposto, e espero, que as pessoas busquem experiências no mundo real e vivam menos online. É um grande desafio, e prevejo que essa tendência vai aparecer na moda, com looks funcionais e confortáveis, cores mais neutras e shapes mais reais.
Para empreender na moda e estilo, aposto em acompanhar o que acontece nas redes sociais e o Instagram é quem dita as regras! No negócio de moda em si, seja presente! Esteja presente nos canais de vendas: Internet, parceiras comerciais, pontos físicos!
Os consumidores estão mais conscientes do que desejam e do que precisam na hora de comprar as roupas. Aposto nessa autonomia. Outra coisa que gosto muito e também vi na loja que tenho é que a roupa está submetida a quem veste. As pessoas estão mandando mais no que vestem, apesar de ainda sofrerem influências, tem buscado mais autenticidade.
A arte caminha para unir dois pontos: 1) mescla de gêneros e mídias e 2) a aproximação cada vez maior das produções artísticas, menos publicitárias e contemporâneas com o popular, acontecendo cada vez mais na rua e em locais incomuns, pra o povo, do povo e concluída por ele. Essa é uma tendência que com a segunda revolução da internet se notou nítida, mas certamente estamos vivendo outra tendência agora, uma terceira que já começou e isso reflete na arte, em nossa vida. Aposto que um dia o conceito do que é arte e o que é viver vai se misturar tanto que passaremos a utilizar o termo viver poeticamente.
Você já fez suas apostas para 2016. Entre no clima e envie suas apostas e desejos para compartilharmos em nossas redes sociais.
Sobre Rodolfo Alves
Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.
Idealizado por Bruno Melo, diretor teatral, produtor e ator, o estudante de Arte mídia da UFCG abre neste sábado o 1º curso de teatro em Santa Cruz. O curso tem duração de 11 meses, com aulas sempre realizadas aos sábados e mensalidade acessível: R$ 40,00 mensais.
No projeto o trabalho de jogar teatro irá permitir aos alunos abrir o olhar para a realidade indo além do exposto, investigar o mundo e a linguagem de possibilidades teatrais em módulos de ensino prático de improvisação e criatividade.
Ao final do curso os alunos terão possibilidade de fomentar a cultura local e montar com produção de Bruno Melo duas apresentações teatrais para serem vistas pela cidade. O curso ainda oferecerá certificados, acontecerá aos sábados na Usina 231, avenida Padre Zuzinha, em Santa Cruz do Capibaribe. As vagas são limitadas e a inscrição pode ser feita pelo site do projeto clicando aqui. E no Instagram clicando aqui.
Bruno Melo
Estudante e pesquisador da graduação de Arte e Mídia – UFCG-PB, tem voltado seus estudos para o trabalho do corpo e das artes cênicas, estudos práticos e teóricos nas áreas do teatro, da performance e da dança. Já atuou, produziu e dirigiu algumas peças na cidade de Santa Cruz do Capibaribe com seu antigo grupo de teatro como na peça Não Existe Racismo no Brasil, Negão! e em O Santo e a Porca. Atualmente faz aulas de Ballet Clássico no Centro de Artes da UEPB e técnica vocal na UFCG. Participa desde 2013 na produção do Festival Atos de Teatro Universitário do curso de Arte e Mídia e em produções multimídias e trabalhos de conclusão do curso, como instalações artísticas, peças teatrais, videoclipes, como assistente de arte e produtor.
Sobre Box Fashion - redação
Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion