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Modelo de negócios inovadores: o “novo” dotado de sentido

O imperativo de inovar tem permeado o mundo corporativo e é presença garantida em reuniões de negócios e bate papo de profissionais das mais diversas áreas. Isso porque há muito tempo a inovação deixou de ser assunto restrito à equipe de P&D, de design e de profissionais ligados a publicidade, propaganda e criatividade; há tempos a inovação saiu das salas das diretorias das grandes multinacionais e chegou a empresas de pequeno e médio porte.

 

Tal processo reflete não só uma mudança de práticas empresariais, mas antes de tudo uma mudança de cultura organizacional e um alinhamento às falas do mercado e da sociedade que clamaram por produtos e serviços que fossem úteis e necessários ao enfrentamento dos problemas atuais, desse modo, a inovação não é um mero modismo dos estrategistas e analistas de mercado, ela é, sobretudo a resposta para as responsabilidades da empresa de produzir nos moldes pautados pela busca da justiça social, do respeito ambiental e da eficiência econômica recomendados pelo ideário da sustentabilidade, nisto a inovação como imperativo de mercado visa ofertar produtos e serviços que facilitem a vida das pessoas, garantam conforto, comodidade e acessibilidade para uma sociedade que está cada vez mais dinâmica e exigente, desse modo inovar não é criar o “novo” por necessidade, mas fazer  emergir o “novo dotado de sentido” e esse sentido é a procura pela qualidade de vida, pela melhoria dos níveis de bem-estar social e pelo retorno econômico e é principalmente a anseia de construir (reconstruir) uma sociedade melhor em termos de oportunidade econômica e melhorias coletivas.  

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A adequação a esse novo cenário exige mudança não só na concepção, produção e distribuição do produto ou serviço, mas uma mudança na forma de “fazer e gerir o negócio”, é nesse contexto que tem surgido diferentes modelos de negócio, modelos esses que reconhecem na inovação sua justificativa para existir e funcionar, nisto, negócios inovadores são necessariamente negócios ligados a alta tecnologia, mas são qualquer negócio de qualquer segmento que vise ofertar valor ao cliente, criando soluções que atendam as suas necessidades e contribuam para a melhoria da sua vida e da sociedade.

 

No mundo empresarial tem se discutido novos modelos de negócio que atendam as demandas dessa sociedade caracterizada pela diversidade cultural, pelas mudanças rápidas de gostos e costumes, pela necessidade de acessibilidade, praticidade, comodidade e de conscientização sobre práticas mais racionais de consumo e produção. Nesse contexto, modelos de negócio rígidos e tradicionais que atendiam a um mercado mais previsível e a clientes com menor poder de escolha e de questionamento político sobre seu consumo, estão cada vez mais ultrapassados e em seu lugar tem surgido modelos inovadores de negócio, esses modelos tem algo me comum, a capacidade de adaptabilidade ao contexto social e o uso de ferramentas novas para produzir e ofertar o produto/serviço e atrair e captar clientes, como a internet, a produção compartilhada, o estabelecimento de parcerias com fornecedores, concorrentes, clientes, órgãos de fomento, entre outros.

 

Esses novos padrões de negócio tem ganhado espaço no meio empresarial e acadêmico e estão sendo usados como exemplos inspiradores para novas ideias de negócios e como assuntos para pesquisas acadêmicas que destacam a importância da inovação. O mais famoso trabalho nesse sentido é o livro “Business Model Generataion” que deu origem a metodologia de idealização e avaliação de negócio chamado “Canvas”, essa nova abordagem tem representado uma alternativa às ferramentas de alta complexidade e baixa flexibilidade como é o caso do plano de negócio que requer um dispêndio de tempo e esforço elevado e tem uma metodologia estática que não permite muitas alterações, o Canvas no entanto não substitui o plano de negócio mas precede seu desenvolvimento oferecendo uma análise sobre a proposta de valor, a definição das atividades chaves a serem desenvolvidas, a descrição dos recursos que serão utilizados, a idealização das formas como a empresa se relacionará com o cliente, quais serão os principais parceiros, a definição dos segmentos de clientes, dos canais de distribuição de comunicação, as fontes de receita que sustentarão o negócio e a estrutura de custos do negócio, tais informações além de facilitar a produção do plano de negócio, permite a mensuração da viabilidade da ideia antes de que se façam análises mais detalhadas como os cálculos de prazo de retorno do investimento, percentual de lucro, entre outros, o que obviamente seria desnecessário se a ideia não apresentar uma proposta de valor viável.

 

Além de apresentar essa nova metodologia de análise e avaliação de negócio, o livro discute e apresenta novos padrões de modelos de negócios condizentes com essa dinâmica social incentivadora da inovação, nisto ele traz cinco padrões principais de negócio que reflete essa evolução na forma de atuar no mercado que são:

 

1 – Empresas desagregadas (Unbundling): a empresa pode trabalhar três fontes de valor: relacionamento com o cliente, inovação de produtos e infraestrutura. Esse modelo é indicado para empresas de grande porte e que demandem inovações em diferentes focos, um exemplo desse padrão é a empresa de telefonia TIM.

 

2 – Cauda Longa (long tail): é quando a empresa oferta uma grande quantidade de produtos que individualmente vendem pouco, mas que no total geram alta receita. Esse modelo é ideal para plataformas na internet que permite canalizar vários fornecedores de produtos que venderiam pouco isoladamente, mas na internet podem abranger um mercado muito maior. Um exemplo disso são os artistas que usam o Myspace para vender seu trabalho.

 

3 – Multi-faces (multi sided plataforms): esse modelo é caracterizado pela coexistência de dois tipos de cliente interdependentes, ou seja a presença e um gera valor para o outro. Um exemplo desse padrão são os jornais gratuitos que ofertam o produto para o leitor e o anunciante que quer ser conhecido por este gera valor para o jornal.

 

4 – Modelo Gratuito (Free): nesse modelo a empresa oferta o serviço/produto gratuitamente para atrair usuários que podem se tornar clientes. Um exemplo desse negócio é o Dropbox que oferece um espaço de armazenamento de dados gratuito para os usuários conhecerem o produto e contas pagas com memória maior para usuários que precisam de mais espaço para o armazenamento dos seus dados.

 

5 – Modelo Aberto (Open): nesse modelo o valor é gerado por quem está fora da empresa, funciona como uma plataforma de serviços colaborativos onde as soluções desenvolvidas são vendidas pela empresa pagando os custos de contratação dos serviços compartilhados e gerando receita. Um exemplo desse padrão de negócio é o site de caça talentos de criação o Ideaken, o qual constitui uma rede de pessoas cooptadas para ofertar soluções em design em troca de recompensas.

 

Além desses padrões principais destacados existem diversas variantes de modelos que operam com lógicas mercadológicas voltadas a esse cenário de comunicação em tempo real (internet), para atender a públicos de diferentes interesses (nichos de mercado) como profissionais criativos, pessoas com pouco tempo para procurar produtos, emprego, informação e formação educacional, empresas que precisam atrair e reter clientes, pessoas que querem consumir de forma sustentável, entre outros. Todas essas características servem de norte para quem quer abrir um negócio ou avaliar qual o valor a sua empresa está ofertando, o ponto chave a ser discutido é: a inovação que quero lançar ou que já implementei atende a essa “nova sociedade”? e consequentemente, meu negócio está atualizado com as demandas de mercado? Feito isso a inovação deixa de ser uma mera obrigação e passa ser o que de fato ela é: uma mudança que gera valor pra quem oferta e para quem consume.

Virgínia Vasconcelos - Arquivo pessoal
Virgínia Vasconcelos – Arquivo pessoal

Vírginia Vasconcelos, sócia-empreendedora da Lins e Vasconcelos consultoria empresarial, professora universitária e um crânio pensante do #BOXF. Conheça mais na matéria: Clique aqui.

Sobre Rodolfo Alves

Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.

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