Arquivo para escrever - Rodolfo

das coisas que se repetem e das coisas que mudam

Se repetem em meus dias algumas consciências em que me percebo quando me pego numa mesma sequência de palavras já conhecidas, separadas num hiato de tempo, que agora já aos 35 consigo me dar conta de uma distância entre a primeira vez em que falei e nessa mais recente, que vai me escapando da boca enquanto falo ao mesmo tempo que essa sensação deja vu me atravessa.

Tenho me repetido dizer de um mestrado, de uma necessidade de escrever como antes e é claro dos sonhos amontoados em post its no meu quarto de trabalho.

Agora além das repetições constantes, cada vez mais frequentes, há um reconhecimento como o de alguém que olha de cima com um chicote medidor, que me lapeia fino as costas como numa contagem, todas as vezes e a cada vez em que eu me repito. Isso é novo.

Novo também é o senso de covardia cada vez mais apurado, enquanto os dias passam, o medo se manifesta de outras formas e nisso o acento deste senso se faz presente num canto único de meu sofá, com marca de uso na almofada e tudo mais que houver de demarcador dessa qualidade afinada.

Quanto mais me dou conta, mais ele cresce, o senso, mais ela se faz vista, a covardia, mais eu a sinto, mas elaborada fica e monstruosa segue ganhando o espaço total da sala.

Inclusive eu já tive a ideia de um texto sobre coragem e covardia na moda. Nunca o o escrevi. Mas hoje algo novo se deu no ciclo de repetições e eu me toquei de que: quando aconselhamos outras pessoas, estamos aconselhando a nós mesmos.

A anjinha que me fez perceber-me num espelho foi minha amiga e fotógrafa Daiane Maiara. Era um papo sobre as preocupações dela a respeito de roupas para pessoas gordas, tamahos plus size, grade de tamanhos defasadas nas ofertas das lojas e teorias bem arrumadas na cabecinha dela sobre como o mercado tinha brechas na oferta de produtos para este segmento.

Além é claro da vivência completa dela mesma nos provadores de lojas, nas “descredibilizações” de suas falas com profissionais da área, invalidando suas dores, sua necessidade.

Vi que ali Daiane tinha na conversa dela uma pesquisa incrível de mestrado, uma pesquisa empírica e muito mais para fazer nessa busca por respostas a respeito de moda, corpos gordos, ofertas de produtos, designer e muito mais que as minhas vistas não alcançam.

Eu só consegui dizer que ela visse tudo, listasse tudo e iniciasse ela mesma uma jornada em busca de respostas a respeito desses pontos todos levantados.

Ela argumentou que produtos para pessoas gordas tinham circunferência maior na cintura mas apertavam nos braços, eu lhe disse que isso era pano para manga. Um trocadilho infame que fez todo sentido.

Sugeri um diário com escrita manual, depois um blog, mas eu já estava pensando num podcast e terminei dizendo a ela que caberia inscrever algo assim num edital para publicação de livros. Foi tão bom ver ela de olhos brilhando com as ideias.

Mas foi exatamente quando saiu da minha boca a palavra blog que a ficha vinda da casa do caralho caiu no meu colo, me mantendo calado olhando para o nada na pistinha de cooper do parque florestal enquanto ela dizia coisas como: fita métrica, usar jeans apertado e tirar fotos em provadores de grandes magazines. Eu tava muito longe já.

Imagem de celular – coqueiros do Parque Florestal – noite

O estalo foi que eu também devesse estar preocupado com esse algo meu que deva ser colocado para o mundo, na minha área de interesse. Olhar para isso como algo de valor para ser observado, movido e feito.

Essa semana eu quis tanto investigar umas informações loucas de uma criadora de conteúdos da minha cidade, escrever sobre e devolver uma fala muito mais embasada, concreta e melhor elaborada. Sabe, essa gente facistóide que prosperou no pós estratégia de sobrevivência empreendedora? Nossa… isso deveria me mover sabe.

E aqui estou eu. A ficha no colo, um blog online, minhas redes sociais e eu dizendo nada do que quero. Mas calma e avante, preciso seguir em frente e usar esse novo diferente que seu deu na repetição. Em janeiro do ano que vem eu não posso mais estar reclamando de não ter feito, em pleno fevereiro.

Acho que um bom campo de pesquisa pode ser essa coisa de como a comunicação se dá e acontece em meio a informalidade, nas feiras populares.

Como essas pessoas vendem? O que elas acham que é efetivo, quais as estratégias dessa comunicação informal, empírica e tão evocadora de sentidos próprios que move tanta grana, corpos, modos e resulta nessa efervescência econômica pujante (já ouvi alguém usar essa palavra e achei bonita, mas agora quando escrevi e lembrei de quem falou, achei uma palavra cansada).

É isso por hora. Meu diário começou. Na brecha das coisas que se repetem e das coisas que mudam parece que agora eu talvez esteja pronto para que sabendo disso eu deva me mover de fato.

Foto da capa: Davis Jofre – dezembro de 2024

Sobre Rodolfo Alves

Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.

Você pode gostar de ler também.

Retalho Criativo inicia programação com aula inspiradora
Rodada Moda e Negócios 15 impulsiona vendas de confecções atacadistas no pós-carnaval

Faça parte do Box Fashion

Oi pessoal, como sabem trabalho aqui no Box fashion como editor de conteúdos. Aqui eu além de planejar temas, escrever matérias e compartilhá-las nas redes sociais do site, eu também tenho o enorme interesse em fazer do BOX um lugar que seja a vitrine dos talentos dessa indústria criativa. Por isso em 7 meses de site tenho convidado amigos e conhecidos para usarem esse espaço como ferramenta colaborativa de exposição de ideias e talentos.

 

Sendo assim, hoje vim falar pra vocês que querem mostrar suas ideias, textos e talentos envolvendo criatividade e nossa indústria de moda local para lhe fazer um convite. Quero convidar você para colaborar com conteúdos pro site, usar a plataforma como vitrine, mostrar suas ideias, pensamentos, talentos e etc.

 

faça parte do box fashion

 

Nós oferecemos a você como colaborador de conteúdos as seguintes coisinhas:

  1. Você pode montar um portfólio de seu talento aqui, e compartilhar os links mandando bem no que faz pra todo mundo ver;
  2. Divulgar seu trabalho no Box faz diferença, nossa preocupação não é somente comercial, nosso conteúdo é nosso melhor valor, e você vai fazer parte disso;
  3. Você passa a ser conhecido de nossos leitores; e fazer novos contatos profissionais pelas redes é super bacana, nós te ajudamos nisso também;
  4. Pode conseguir novas oportunidades profissionais, participar de projetos, ou trazer seu projeto e somar as forças do site para ser ajudado de volta;
  5. Quando o Box Fashion se tornar o melhor e maior site de moda da região, você vai fazer parte disso. Num é incrível? Caramba, é do c@#$%*&.

 

O que precisamos?

  • Que você seja curiosa(o), e comprometida(o) com o site;
  • Precisa escrever bem;
  • Precisamos que traga novas ideias para gente fazer juntos as coisas se moverem;
  • Precisa também escrever sagradamente uma vez por semana.
  • E ser apaixonada(o) pelo polo de confecções de Pernambuco.

 

 Nós não queremos?

  • Quem pretende somente falar de suas coisas pessoais.
  • Se você tem preguicinha de ter ideias, rapa fora.
  • Se você acha que o mundo da moda é somente glamour e aparecer bem vestido em festas, bom, nós queremos mais que isso.

 

faça parte do box fashion

 

Como faço para participar?

Escreva um texto sobre um assunto que goste na moda pode ser sobre: publicidade, marketing, estética, desfiles, marcas, tendências, internet, comportamento, públicos, feiras locais, centros de compras, dicas para confeccionistas, dicas para consumidores, artes, cultura popular (S2), teatro, cinema, música, moda nacional, indústria confeccionista e etc..

>> Vamos avaliar: regrinhas básicas de português, originalidade, criatividade, quantidade de parágrafos e relevância do conteúdo.

 

Gostou, e agora?

Quer fazer parte do Box Fashion?

  1. Envie para: rodolfo@boxfashion.com.br
  2. Prazo para envio: 20 de novembro de 2015
  3. Quando enviar a matéria, informe sobre o que deseja escrever.
  4. Cada pessoa só pode enviar apenas 01 matéria que pode conter imagens, textos, vídeos e animações com suas respectivas fontes (cite as fontes pelo amor dos direitos autorais).

 

Não esqueça de enviar nome completo, cidade, formação ou função (não é necessário ter faculdade) e, acima de tudo, todos os endereços de suas redes sociais. Se tudo der certo e a gente não descobrir que você está envolvido(a) com a operação Lava Jato, te mandamos um e-mail com “Ô CHAMADO.”

 

Importante

  • O dia semanal que for combinado de postar é você quem determina e isso a gente combina.
  • Não precisa currículo, basta ser bom no que faz e ter tempo pra dedicar um pouquinho de atenção.

 

O BOX FASHION é totalmente colaborativo e por enquanto não podemos arcar com qualquer tipo de premiação. Isso significa que você sabe que não estamos te contratando para um serviço formal, nem uma vaga de emprego formal. Estamos te oferecendo um espaço parceiro para você arrasar na internet com os assuntos que você gosta.

Ao enviar a matéria, você está concordando que publiquemos seu texto no www.boxfashion.com.br e que a contribuição é de caráter colaborativo, não empregatício.

 

Aguardo você e seu talento aqui.

Faça parte do Box Fashion

Sobre Rodolfo Alves

Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.

Você pode gostar de ler também.

A moda no polo não será a mesma, mulheres costuram direitos
Todas as vozes numa só, agora é que são elas