Entrevista com Cláudio Henrique para PHYTOPLANKTON | Já faz um tempinho que fiz com Claúdio Henrique essa entrevista. Mas apenas agora conseguimos editá-la. Em todo caso conversamos um assunto bem legal quando Cláudio falou sobre o trabalho da estamparia PHYTOPLANKTON em Caruaru. Confira a entrevista completa:
Sobre Rodolfo Alves
Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.
Entrevista | Jorge Feitosa fala sobre sua coleção Sulanca – Hoje junto a programação do 2 Estilo Moda Pernambuco Jorge Feitosa a convite do Moda Center Santa Cruz volta a terra de Santa Cruz para mostrar seu trabalho engajado com os valores históricos do polo de confecções em sua nova coleção.
A coleção nomeada “Sulanca” revisita a memória afetiva do estilista que quando criança, convivia com parentes em casa envolvidos com a sulanca e fabricação têxtil.
Veja no vídeo o papo que tive com Jorge e conheça o pouco do que será lançado hoje a noite na programação do EMP 2017.
A COLEÇÃO
“Parti nessa viagem com minha cabeça de moleque, aquele, que de vez em quando “ralava a canela” por entre as ripas dos bancos de feira, enquanto corria sobre eles”.
Jorge Feitosa
A Coleção SULANCA, é um processo de experimentação, de uma vontade que existia há um tempo, de falar desse movimento que surgiu em Santa Cruz do Capibaribe, e que faz parte da vida do Jorge Feitosa desde sempre, pois ele é santa-cruzense, e trabalha com Moda e Vestuário.
As referências que ele buscou para desenvolver esse projeto são basicamente da infância, do que a memória de infância dele, guarda da feira e de tudo que acontecia em seu cotidiano, que tinha relação com a Sulanca. Jorge Feitosa usou as palavras, caminhão, coberta de retalhos e feira, como referências constantes nesse trajeto.
“Não tentei nada. Fui apenas fazendo o que minha intuição mandava. O Resultado é um retalho, recorte, da minha infância, por entre bancos de feira, máquinas de costura, e sacos de retalhos que não saíam da minha cabeça na hora de desenhar as primeiras peças”.
Jorge Feitosa
As filetagens, presentes nas carrocerias dos caminhões, foram um “norte” desde sempre. Pois elas são, graficamente, lindas e forteS! Com isso, a partir do estudo dessas figuras, Jorge chegou às padronagens e aos vários tipos de patchwork, ou seria mais apropriado “sulanca”, que desenvolveu.
A pesquisa, aleatoriamente, ocorreu entre maio e dezembro de 2016. Entre janeiro e março de 2017, houve uma apuração do material pesquisado e adquirido e, foi quando ele deu início ao processo de modelagem. Finalmente entre abril e maio de 2017 os dez (10) looks foram confeccionados, num total de vinte e cinco (25) peças.
“Não vejo a Sulanca apenas como um tema, ela é um movimento, que transformou nossa cidade, Santa Cruz do Capibaribe, e que pode ainda, transformar muito mais. Pois tudo está em processo de transformação, inclusive a Sulanca”.
Jorge Feitosa.
BASTIDORES DO ENSAIO FOTOGRÁFICO E FASHION FILME
Jorge Feitosa ainda desfilará no EMP a coleção vencedora do Senai Fashion Brasil desenvolvida com coaching de Ronaldo Fraga. Na ocasião da entrevista visitamos o ponto onde essa memória ainda permanece viva em Pão de Açúcar, distrito de Taquaritinga do Norte – PE.
CRÉDITOS
Coleção SULANCA por Jorge Feitosa
Produção – Jorge Feitosa
Fotografia – Marialu Bezerra
Vídeo – Júnior Porciúncula
Beleza – Robelio Nascimento
Fotos making of – Driko Correa
Assistente – Jaine Lima
Modelos – Alvaro Nascimento, Raul Cavalcante e Rodolfo Durand
A trilha sonora do desfile hoje a noite ficará por conta de Betto Skin, Fábio Xavier e Clécio Rimas.
No fashion filme Sulanca a trilha é assinada por Betto Skin, Fábio Xavier e Júnior Porciúncula.
Agradecimentos da produção:
Ao Allan Carneiro, à Elieudes Bezerra, ao João Paulo Procópio, à Orlanda Lira, à Dona Ivanduize, ao Vandeilson, à Taisa, ao Emerson, à Dona Cida, à Yuri Patricia, ao Sebastião Bezerra, à Patricia Sousa, ao comissário Carlos Daniel, à Faby Olinda, Seu Tião e a todos que contribuíram para a realização desse projeto! Apoio: Moda Center Santa Cruz.
Sobre Rodolfo Alves
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Vídeo | entrevista com a designer e fotógrafa Manuela Cristiane | Mais uma entrevista acaba de sair em nosso canal no YouTube. Dessa vez eu conversei com Manuela Cristiane designer e fotógrafa, empreendedora da Pipila Design e Fotografia em Caruaru.
PUPILA DESIGN E FOTOGRAFIA
A Pupila é a empresa guiada por Manuela que tem como seus parceiros Jéssica Cordeiro e Tuane Siqueira na edição de imagens, Vitor Emannuel no trabalho como design gráfico e na área de moda Eduardo Menezes, Augusto Ribas e Adilson fazem o coletivo completo. Surgida em 2015, no mesmo ano do BOX FASHION a Pupila oferece serviços em design e fotografia e também fomenta atividades culturais em formação com cursos diversos para o meio criativo.
O papo leve sobre sua atividade de trabalho, as questões que conhece do mercado de moda local ao lidar com marcas, design e fotografia no Polo de Confecções Pernambucano e apostura ética dessa profissional que é parceira do BOX FASHION também, você ver no vídeo abaixo:
Aqui você pode seguir a Pupila no Instagram: @pupiladef
Aproveita e segue o canal no Box Fashion no Youtubee nos ajuda a bater a meta dos primeiros 100 inscritos. Tá rolando!
Sobre Rodolfo Alves
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Bráulio Bessa em Santa Cruz do Capibaribe – entrevista exclusiva | Bráulio Bessa chega hoje em Santa Cruz do Capibaribe para sua primeira palestra em nossas terras. Vindo a convite do Moda Center Santa Cruz em sua comemoração de 10 anos do parque, o poeta, palestrante e defensor da cultura popular nordestina respondeu a entrevista do Box Fashion exclusivamente para sua vinda à cidade. No site oficial de Bráulio a descrição do mesmo o descreve como um fazedor de poesia com rapadura, as frases famosas em suas palestras mostram o engajamento vivo de um amante de suas origens e um criador iluminado pelas experiências sociais e culturais de sua terra: Alto Santo no Ceará.
Reconhecer-se nas falas e valores que Bráulio Bessa prega sobre a cultura nordestina é um salto de resistência de nossa cultura, e um afago manso no nosso senso de pertencimento, como ter reconhecido pelo mundo o que carregamos de melhor e mais bonito. Em tempos de conexão global o trabalho de Bráulio Bessa nas redes sociais é reconhecido: “Com fala mansa e sotaque carregado, o nordestino arretado Bráulio Bessa, transformou sua trajetória na defesa da cultura regional nas redes sociais em palestras, contando em forma de causos, sua história desde criança no sertão do Ceará.” (Revista Viral)
ENTREVISTA
BOX FASHION: Naturalmente o povo nordestino tem no DNA o gene empreendedor, é um povo inquieto, arteiro, fazedor. Com a crise econômica atual a motivação das pessoas para enfrentar os problemas tem diminuído. O povo esqueceu o que corre no sangue? Que conselhos você daria ao empreendedor nos dias de hoje para lidar com a crise? “Suba os queixos e meta os pés” é a palavra de ordem inspiradora?
BRÁULIO BESSA: O sertanejo descrito por Euclides da Cunha: O Sertanejo é, antes de tudo, um forte. Somo fortes, criativos, corajosos, trabalhadores e acima de qualquer coisa, esperançosos. Existe um ditado que diz: É a dor que ensina a gemer. Pois bem, acredito muito que no momento do aperreio a criatividade e a força são ainda mais exigidas. Até uma topada empurra você pra frente.
BOX FASHION: “Quem esquece de onde veio, não sabe pra onde vai” sua frase retrata bem o valor que a moda e o comércio local tem buscado agregar na confecção. Muito se fala em pesquisa, investimento em maquinário, mas como você imagina que os fazedores da moda podem ser valorizados, essa valorização faz parte do reconhecimento de saber de onde se vem?
BRÁULIO BESSA: O regionalismo está em alta, a nordestinidade está em alta, o povo nordestino gosta de se vê, somos vaidosos, seja numa novela, propaganda, culinária e até na moda, agregar elementos do regionalismo trás sentimento ao produto e, sentimento não tem preço, tem valor.
BOX FASHION: Em suas andanças pelo país, sua vivência na TV, seu alcance digital e os novos produtos culturais que mostram e expandem a cultura nordestina… (cinema, novela, personalidades) você percebe que hoje em dia haja uma maior e melhor valorização do nordeste?
BRÁULIO BESSA: A grande mídia vendeu um nordestino estereotipado por muitos anos, e o próprio nordestino comprou esse personagem, muitas vezes caricato, irreal. O jogo virou com o resgate da nossa autoestima, e isso aconteceu quando o próprio nordestino passou a se enxergar diferente, sem se fazer de coitado, sem se achar inferior. Hoje, somos respeitados e admirados, embora ainda exista – e sempre existirá – preconceito, mas aprendemos a encarar essa situação de cabeça erguida.
BOX FASHION: Desde que começou com a página no Facebook até hoje com mais de 1 milhão de seguidores, o que mudou como resultado do trabalho que vem fazendo para valorizar nossa cultura?
BRÁULIO BESSA: A internet é uma grande ferramenta. Soa até contraditório, mas usar justamente uma ferramenta que é acusada de ser vilã num processo de esquecimento das raízes como aliada nessa luta foi o diferencial. Usar o novo pra manter vivo o “velho”, Gil Giardeli diz: “Você é o que você compartilha.” e o nordestino precisava se compartilhar.
POEMA
De presente ganhamos um poema versado por Bráulio para compor essa entrevista. Aprecie:
Sendo a vida a própria arte
sendo você um artista
desfilando pelos palcos
sempre em busca de conquistas
Seja seu próprio cenário
capriche no vestuário
pra melhor se apresentar,
não é questão de vaidade
não tem a menor maldade
em querer se arrumar.
Por isso não tenha medo
seja sempre original
sua roupa fala muito
lhe faz único, sem igual
lhe dá personalidade
esconde até a idade
e lhe deixa mais formoso
e eu garanto a você
que a roupa tem poder
e lhe deixa até mais novo!
Gostou da entrevista com Bráulio Bessa em Santa Cruz do Capibaribe – entrevista exclusiva? Confira a entrevista que a poetiza Ágda Moura nos concedeu ontem. Ela foi o encanto de abertura do evento EMP recitando lindos versos sobre nossa história no desfile conceitual dos alunos FADIRE. Clique aqui para ver.
Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion
Ágda Moura faz música e poesia para a moda local | Natural de Campina Grande, mas sempre moradora de Santa Cruz do Capibaribe, hoje com 21 anos, Ágda Moura desponta na cena santacruzense fazendo poesia e música, cantando e recitando a rotina da vida nordestina, enaltecendo a cultura e ganhando admiradores na cidade. Prova do carinho que tem recebido foi o convite para acompanhar o desfile dos alunos da Fadire no 1º Estilo Moda Pernambuco (confira a programação).
Entrevistamos a jovem e linda Ágda Moura e conversamos sobre seu momento artístico que ganha cada vez mais evidência do público e dos ligados na cultura local. Ela nos contou como surgiu o convite para recitar poesia num desfile de moda e como vai acontecer tudo.
BOX FASHION: Como o envolvimento com as artes começou?
ÁGDA MOURA: Minha família paterna sempre foi envolvida com a cultura nordestina, de geração a geração foi sendo passado o gosto pela arte popular… sou neta do poeta Zé de Cazuza, Mestre das Artes pelo estado da Paraíba. Cresci nas sombras das cameleiras pela rua grande, sendo cativada e envolvida nas histórias de nossa gente, minando a infância com poesia e música, as primeiras vezes que escrevi foi mais ou menos aos oito anos de idade. Sou autodidata, aprendi a tocar violão, sanfona de oito baixos, e outros instrumentos, mas tudo parte da poesia enramada nas vivências, nas observações ao longo de nossos costumes.
BOX FASHION: Com quais projetos e atividades está envolvida atualmente Ágda?
ÁGDA MOURA: Atualmente tenho o projeto musical autoral, “O canto do meu canto” , onde toco com músicos da cidade. Fábio Xavier, Olegário Lucena, Nelinho e Davi Procópio, e Jaime Papão que as vezes faz participações conosco. Com teatro, sou integrante do grupo Avani Lopes, que é formado por grandes artistas que cresci admirando. Estudo arquitetura. Junto aos meus amigos, organizamos o movimento Lamparina, que funciona como uma intervenção urbana cultural a espalhar arte pelas ruas, nossas tradições e a história da cidade. Nas escolas do município, produzo atividades e oficinas culturais com contação de histórias, poesia, dinâmicas teatrais e música. E assim vão se desenhando os projetos que naturalmente vão se atribuindo.
BOX FASHION: Como surgiu o convite para acompanhar um desfile de moda, recitando poemas e versos na passarela?
ÁGDA MOURA: Bom… Andreia Julião junto a Diógenes Rodrigues, me fizeram o convite e eu topei na hora. Será um desfile conceitual que contará a história da moda local, desde seu surgimento. Fiz um cordel, “A feira, O retrato da história”, ele vai narrar todo desfile onde as peças simultaneamente entram de acordo com os trechos de acordo com os looks.
BOX FASHION: E como será feito o desfile? O que vai acontecer.
ÁGDA MOURA: Não posso contar muito. Vou recitar em versos a história da feira de roupas em Santa Cruz do Capibaribe. Os alunos da instituição é que farão os modelos que irão desfilar. Vai ser emocionante… os versos irão trazer recordações dessa história cheia de tanta luta, coragem e muita fé vinda de quem levantou e deu início ao trajeto que continua sendo escrito. Será inusitado ver tudo na passarela dessa forma, transformada em roupas junto com a poesia.
Relembre também a entrevista que fizemos com Fábio Xavier, outro grande artista da terra | Clique para ver.
Gostou de nossa entrevista com Ágda Moura? Acompanhe o Box Fashion nas redes sociais para ver mais desse evento que ela irá participar: Facebook – Twitter – Instagram– Tumblr – Pinterest – Google +
Sobre Box Fashion - redação
Redação do Box Fashion. Moda no polo de confecções do agreste Pernambucano. Consumo, mercado local e conteúdos especiais sobre tudo que cerca a moda. Iluminuras, criatividade e indústria fashion no interior de Pernambuco. @oboxfashion
Visitamos a casa e o ateliê da costureira Hilda Xavier na cidade de Taquaritinga do Norte numa entrevista para descobrir através de sua história a história de outras tantas costureiras no polo de confecções. Costureira à moda antiga, de encomenda, alfaiate… a profissão dos moldes que antecede a industrialização da moda permanece viva na forma que foi concebida, salvo os diferentes contextos, ainda existe um público cativo que se interessa pelo trabalho meticuloso de caráter exclusivo das costureiras que medem o corpo, tiram modelos de revistas do Instagram e realização sonhos.
A profissão de Hilda é como um protesto aos processos do design industrializado, da produção em massa, da des-indentidade que tantos produtos iguais nos obrigam a ter/ser. Ela nos contou sobre seu começo e nos deu uma ideia de como é ser costureira à moda antiga hoje, em tempos tão modernos. Hilda Cristina Leandro da Silva Xavier, 59 anos. Costureira à moda antiga:
Chego na casa de Hilda e a encontro pegada com a costura de roupas em finalização para clientes que vão à festa de São José na cidade de Vertentes… a conversa começa naturalmente e meu esquema de perguntas fica na bolsa.
Hilda Xavier: Faço de tudo, mas não gosto de trabalhar com jeans. Não tenho o maquinário e nem pretendo, porque não gosto mesmo. Eu costuro das roupas mais triviais: vestido, shorts, saias e blusas até trajes sociais de formatura, casamento e vestido de noivas, fantasias… e roupa do noivo também (risos), até roupa de freiras eu já fiz, roupas de coroinhas, fardamento de bandas maciais, roupas do Capitão Mor.
Box Fashion: Como é sua rotina de trabalho?
Hilda Xavier: Hoje em dia eu trabalho pouco, no máximo 5 ou 6 peças ao dia, antigamente eu já cheguei a fazer 28 peças por dia, embora que fossem peças simples. Tem peças que eu passo dois a três dias, mas no geral hoje é mais fácil de fazer o trabalho. Os vestidos são mais fáceis, antes era tudo feito só à mão.
Box Fashion: Como era antes?
Hilda Xavier: As pessoas olhavam o que queriam nas revistas, misturavam modelos, copiavam, hoje quase não se usa mais a revista, é mais internet, chegam com a foto no celular. Uma vez me aconteceu uma coisa engraçada, uma mulher chegou com um vestido, na época do auge de Clodovil e Dener, Dener tinha lançado o drapeado e ela chegou com um modelo dele num jornal. Ela era acima do peso e queria esse vestido drapeado, na época eu recusei de fazer o vestido, por que ela queria ele muito acinturado, cintura de violão, e drapeado de cima abaixo. (risos). Até hoje ela não fez mais roupas comigo.
Box Fashion: Com quais os públicos que você mais trabalha?
Hilda Xavier: Mulheres e jovens, ah e profissionais de estilo executivo. Minha freguesia tem professoras, trabalhadores de serviços mais formais. Eles gostam de roupas mais elegantes. Eu tenho freguesas que já costurei pra mãe e filha e hoje estou na terceira geração, pois eu também faço infantil. Roupinhas de batizados, para primeira comunhão.
Box Fashion: Em se tratando de história, como você começou a trabalhar com costura?
Hilda Xavier: Foi por acaso, no São João de 1969, eu tinha comprado tecidos para uma roupa, por sinal seria uma calça rosa com uma blusa branca de estampas rosa, eu queria usar na véspera de São João… nessa época mamãe era quem costurava pra mim, mas ela não teve tempo pra fazer e eu fui e cortei, fiz e fui pra festa. Nisso minhas amigas começaram a querer também e eu não parei mais. Fui fazendo. Papai deu bravo, por que não queria que eu pegasse as costuras dos outros, mas eu segurei… e até hoje.
Nunca fiz curso nenhum e já inventei de tudo, mas não consigo deixar de ser costureira. Só me agrado de costurar, já fui professora, já montei lanchonete e restaurante, já fui três vezes conselheira tutelar, minha formação é em magistério e eu comecei o curso de matemática, mas eu passo o dia aqui, tranquila, e adoro costurar. Eu já inventei de trabalhar com confecção de produção em série, mas eu só aturei 6 meses, me agradei não. Eu descobri que não aguento trabalhar em série. Minha cabeça não aguenta.
Box Fashion: Como é o processo de trabalho para fazer roupas sob medida?
Hilda Xavier: Eu já tenho clientes que somente ligam e dizem o modelo, a cor. São de uma cartela de clientes antigos, com 40 anos comigo. Eu organizo tudo nas agendas de trabalho, todo ano eu me desfaço das últimas agendas quando começo o ano trabalhando. Mas deixo tudo anotado.
Hilda ainda nos mostrou seu acervo de roupas guardadas, parte dele em fantasias doado à uma escola da cidade.
Quem faz a sua roupa? Hilda Xavier e a costura à moda antiga junto ao trabalho de tantas outras costureiras, de uma enorme importância para a moda como referência histórica que precisa ser valorizada. Uma homenagem nossa ao dia da costureira! é bom saber que a moda se faz em tantas possibilidades e que há um mundo enorme de pessoas trabalhadoras do setor que fazem ele existir com tanto valor e dignidade. Parabéns a todos os costureiros e costureiras.
Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.
Em 2016 a maior empresa de confecção do polo Pernambucano comemora uma trajetória de 20 anos no mercado de moda. Referência para os empreendedores fashion do mercado local e nacional o case de sucesso da Rota do Mar inspira diversos empresários e empresárias que lidam diariamente com os desafios de se fazer moda em nossa região.
As comemorações
Entre histórias construídas no dia a dia e contadas pelos funcionários, empreendedores, causos incríveis dessa trajetória de amor à moda a empresa lança ainda esse ano (junho/julho) um livro comemorativo com seu importante trajeto de modelo empresarial admirado e premiado pelo país. Também até o final do ano a Rota do Mar abrirá na cidade sede de seu parque industrial um museu da moda presenteando sua cidade natal com a história do polo de confecções. Exclusivamente para celebrar a data a confraternização de funcionários em 2016 concluirá o ano com motivos de sobra para festejar duas décadas no mercado numa festa em dezembro.
Atentos às novidades e valorização de nosso mercado, visitamos as instalações da empresa fundada em 1996, que conta atualmente com 500 colaboradores, produz 1,5 milhão de peças/ano e entrevistamos seus estilistas e seu empreendedor Arnaldo Xavier com EXCLUSIVIDADE. Confira a entrevista: Arnaldo Xavier comemora 20 anos de Rota do Mar.
Entrevista Arnaldo Xavier: empreendedor da Rota do Mar
Clique nas imagens para ampliar:
Box Fashion: Esse ano a Rota do Mar completa 20 anos no mercado e chegou onde um garoto que começou aos 15 jamais imaginaria. O que que aconteceu? Qual o segredo do sucesso para transformar essa empresa no que ela é hoje?
Arnaldo Xavier: Acredito que é você começar alguma coisa, um negócio, com um pouco de bagagem. Eu já tinha a bagagem de alguns anos de trabalho com minha mãe. Eu gostava do que fazia. Isso também soma à receita. O passo seguinte é montar uma boa equipe e ter pessoas boas para contribuir com o seu projeto. Convidamos pessoas capacitadas.
Box Fashion: O que se passava na sua cabeça aos 15 anos de idade já embrenhado na sulanca?
Arnaldo Xavier: Eu estava empolgado, e vinha de um processo bem sofrido. Eu trabalhava em corte e costura. Eu já sabia pelo que trabalhava que havia algo melhor pra fazer e isso me empolgava. Nós pegávamos frete das senhoras na feira, vendi picolé em feiras, cocada nas ruas. Quando sai dessas profissões, eu me motivei muito. Passei a trabalhar como cortador, era uma profissão melhor.
Box Fashion: Desde o surgimento da empresa, muita coisa mudou no mercado de moda, local, nacional e global. O que mudou na empresa que marca precisamente a história das pessoas aqui?
Arnaldo Xavier: Tivemos momentos interessantes. No setor industrial, acho que lá pela década de 90 pra 2000, nós mantivemos presença forte em feiras e eventos e tiramos muito proveito dessa fase, a partir delas nós começamos a modificar nosso chão de fábrica, trazer tecnologia. No setor comercial o salto foi sair da cidade e montar outras lojas, a primeira em Caruaru deu muito certo. Hoje são 5 lojas e uma rede importante de 18 representantes pelo país. Na parte de estilo e moda, nosso marco de mudança foi a ousadia. Viajamos pra Londres, Califórnia, Havaí. Visitamos as grandes marcas e vimos onde a moda começa e passamos a entender disso melhor. Outra coisa muito positiva é que as pessoas que fabricam, as pessoas de dentro da empresa, passaram a usar a roupa. Isso não aconteceu no começo. Nosso argumento de moda está antenado com um público jovem e os nossos jovens trabalhadores na Rota do Mar participam na outra ponta também sendo consumidores. Isso é importante.
Box Fashion: Na rotina de trabalho dentro da empresa, como é o dia a dia de Arnaldo Xavier? Com o que você se envolve mais?
Arnaldo Xavier: É mais fácil eu dizer com o que eu não me envolvo. Não tento ser centralizador, mas quero colaborar, dar ideias, participar, acompanhar. As reuniões de setores eu me envolvo muito.
“Só não vou mais pro corte de tecidos por que o pessoal não deixa.”
Box Fashion: Com quais processos você mais se envolve? Em que setor você deixa o coração?
Arnaldo Xavier: Eu gosto muito da parte de criação. Desenvolvimento de produtos novos… quando vejo uma ideia ganhar o papel e ser transformada na roupa real… isso me dá muito prazer em trabalhar com moda.
Box Fashion: Quais suas novas inquietudes? O que ainda lhe motiva a guiar a moda que a Rota do Mar vende?
Arnaldo Xaxier: Eu sou inquieto e insatisfeito. Acho isso bom. Significa que quando ainda estou insatisfeito com o que faço, essa inquietação me deixa motivado por que sei que a gente pode sempre fazer melhor. Vejo que a nossa estrutura pelo que conhecemos de empresas lá fora já garante que possamos fazer muito mais. Isso me motiva.
Superação
Box Fashion: Inúmeras histórias são e vão ser contadas sobre sua figura empreendedora. Mas como você próprio contaria num livro de poucas falas a história que você foi, de quem você é?
Arnaldo Xavier: Acredito que superação me representa. Posso e sei falar disso. Sai de uma situação e consegui crescer, em uma região onde é pouco provável que as pessoas cresçam e montei uma empresa num dos lugares mais difíceis de crescer. A gente construiu uma empresa próspera. Então posso falar em superação. Mesmo quando as pessoas não tinham o hábito de estudar, viajar e sonhar, nossa empresa é a prova de que as pessoas podem fazer todas essas coisas. Eu diria assim: que superação definiria essa trajetória.
Box Fashion: Em 20 anos de Rota do Mar os consumidores podem esperar da empresa alguma surpresa nas coleções de 2016?
Arnaldo Xavier: As coleções deste ano serão as melhores já desenvolvidas. Tenho uma certeza enorme disso. Ainda estamos no verão e eu já fico doido pra usar os produtos de inverno. Agora imagine isso no frio. A empolgação faz parte dessa aposta nossa de fortalecer a cada ano as coleções de inverno. Estamos observando até a temperatura dos meses frios há mais de 7 anos e observado o clima para programar coleções bem pontuais. Nós percebemos que o inverno está esfriando cada vez mais.
Box Fashion: E pra comemorar tanto sucesso? O que mais estão aprontando pra celebrar a data? Nos conte em primeira mão:
Arnaldo Xavier: Vamos lançar um livro previsto para junho ou julho. Isso você pode antecipar. Também vamos dar uma grande festa para os funcionários em nossa confraternização no final do ano. E vamos presentear a cidade com um Museu de corte e costura que contará a história do polo de confecções. Já temos envolvidos grandes profissionais. Terá maquinários antigos, tesouras e equipamentos junto a registros históricos da evolução do polo em vídeos e muitos outros materiais. Esse museu vai ocupar o espaço da primeira loja da Rota do Mar, onde começamos no centro da cidade.
Leia também as entrevistas com os estilistas Rayssa Átila e Agnaldo Felix, eles contaram em 4 perguntas tudo sobre o setor criativo da empresa. Clique nos nomes para acessar.
Sobre Rodolfo Alves
Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.
“Um nova luz sob a moda local” é o que carrega como missão a nova produtora de moda e consultoria de Jacqueline Siqueira. Em entrevista exclusiva ao Box Fashion conhecemos as mil facetas da mulher que por traz dessa empreitada mágica que é fazer moda com conceito e qualidade no polo de confecções pernambucano justamente num momento interessante de profissionalização do negócio fashion.
Quase enlouquecendo com o planejamento do lançamento de sua produtora e as véspera do evento, Jacque gentilmente atendeu o Box Fashion com a mesma tranquilidade com que lida com os problemas diários de uma produtora, atenta aos detalhes, incansável por seu melhor. Essa é Jacque Tamboo: inquieta por natureza, ansiosa pelo novo, uma grande multi mulher, mesmo com seus 1,54 de altura, pudera, o sobrenome Tamboo vem de tamborete. Veja agora a entrevista Jacque Tamboo.
Box Fashion: Conta pra gente quem é Jacque Tamboo:
Me chamo Jacqueline de Siqueira Bezerra, e ganhei o apelido de “tamborete” na faculdade, por conta da minha estatura e logo virou Tamboo. Tenho 28 anos e ingressei na UFPE, no curso design, em Caruaru. Sempre quis seguir carreira acadêmica e sou apaixonada por pesquisa de moda, consumo e coolhunting. Já ministrei oficinas em congressos nacionais e regionais, com o tema “A moda do século XX através do cinema” e meu trabalho de conclusão de curso enveredou também nesta temática, aliando moda, história, cinema e consumo.
Box Fashion: Como se interessou por trabalhar na a área de moda?
Eu cresci em meio aos retalhos da minha avó Maria, e aprendi a costurar e bordar aos 10 anos de idade, inclusive tenho uma tatuagem em homenagem a ela, o seu nome bordado em ponto cruz. Nunca tive dúvidas que trabalharia com criatividade e a moda foi uma coisa que sempre me encantou.
Box Fashion: Atualmente o que tem feito na área?
Hoje, sou instrutora do eixo de Moda do SENAC – Caruaru, e atuo como consultora e produtora de moda e stylist.
Box Fashion: Por conhecer bem o mercado local, que caminha num significativo processo de profissionalização, o que visualiza como desafios para o mercado de moda aqui?
Tenho visto ao longo dos anos uma grande evolução. É notório o avanço, mesmo que ainda tenhamos um longo caminho. A primeira barreira, de mostrar ao empresário a necessidade e importância de ter um profissional de moda/design dentro da empresa está sendo superada. Agora, creio que a necessidade de buscar novos horizontes na área de criação e fortalecimento das marcas como empresas nacionais, bem como ratificar a importância e potencial do APL para o mercado de confecção do país.
Box Fashion: Quais suas referências, preferências estéticas, personalidades da área que lhe inspiram, ou que você admira e porquê?
Eu sou fanática por cinema. Muitas das minhas referências vêm de filmes antigos, de divas do passado, ou coisas assim. Sou aficionada pelo passado e tenho uma grande paixão pela história da moda, pelo vintage. Hoje, tenho algumas poucas referências, como a editora de moda Miroslava Duma e a fashion blogger Micah Gianneli. Mas vivo buscando novas inspirações. Tudo me inspira.
Box Fashion: Em seu Blog pessoal o The Cru Hunter, a moda acessível vista pelo seu olhar se diz “sem pantim”. O que isso representa no universo que abrange seu trabalho?
Eu sempre defendo o lado divertido e acessível da moda. Não acredito que moda de verdade se faz APENAS com peças caras, isso é subestimar o poder da criatividade. Então o slogan “sem pantim” veio em decorrência disto, é um grito da criatividade em meio a tanta massificação e também o apego que tenho ao mercado regional, por isso o termo que só nós entendemos tão bem. Eu sou bairrista.
Box Fashion: E sobre sua nova produtora: o que será a Jacque Tamboo produtora de moda e assessoria?
Percebi há tempos que o mercado estava carente de uma empresa ou profissional que proporcionasse os serviços de estilo que este necessita. A Jacque Tamboo engloba os serviços que vão da consultoria de estilo, desenvolvimento da coleção até a produção e styling de campanhas, catálogos, desfiles e editorias de moda.
Box Fashion: Qual inquietação motivou a criação da produtora?
Exatamente esse buraco que vi no mercado. Precisamos entender e tratar os nossos produtos de uma maneira mais visionária, nos destacar, buscar algo novo. Percebo que o mercado pede um maior cuidado com as marcas e imagem das empresas. A imagem da empresa, sua essência, é o seu maior patrimônio e deve ser tratado como tal.
Box Fashion: Que soluções e serviços a Jacque Tamboo traz pro mercado de moda local?
Estamos preparados para suprir as necessidades das marcas, desde a parte de design de produto, passando pelo estilo até a comunicação digital. Basicamente são empresas parceiras que trabalham com um único objetivo: criar imagens de moda fortes e coerentes. Para isso, conto com a parceria do estúdio de design Fabrico de Ideias, que estará nos dando o suporte na parte design gráfico e comunicação visual.
Box Fashion: E a equipe, por quem a produtora é formada?
Por uma equipe mutável e adaptável. Eu sou a responsável por encontrar e formar a equipe que melhor se encaixe no trabalho, sempre respeitando a imagem do cliente, suas escolhas e seus ideais. Mas podemos adiantar que os melhores profissionais: fotógrafos, modelos, maquiadores, produtores, stylists, fazem parte da nossa equipe colaborativa.
Box Fashion: No título do convite se lê: “alguns problemas de moda você resolve sozinho… os outros pode deixar que eu resolvo.” O que isso significa quanto a imagem que pretende lançar no mercado?
Queremos que o cliente sinta-se seguro, que saiba que entregou seu maior patrimônio, a sua imagem, a profissionais qualificados e que vão fazer sempre o melhor. Há uma mudança no mercado, e há outra percepção de como as marcas devem se arranjar. Temos que acompanhar isso já!
Box Fashion: Sobre o evento de lançamento, o que o público convidado pode esperar? Qual a programação?
O evento contará com uma exposição do editorial feito exclusivamente para este lançamento. Clicado por Eder Deó, com produção executiva de Andresa Franco, beleza de Edgar Filho e cliques de backstage de Juelayne Gondin, contamos ainda com a beleza das modelos Bruna Nahum e Iris Gomes, da Amazing Model Management. Será um avento aglutinador, feito para pessoas da área se encontrarem, discutirem, se conhecerem… A idéia é agregar!
O evento de lançamento da produtora e assessoria de moda Jacque Tamboo acontece com exposição fotográfica no Centro de Convenções Empresário Djalma Cintra (SENAC Caruaru).
Data: dia 19 de setembro, à partir das 18 horas.
Com créditos de:
Fotografia | Eder Deó
Beleza |Edgar Filho
Produção de Moda e Styling | Jacque Tamboo
Produção Executiva | Andresa Franco
Backstage | Juelayne Gondim
Models | Iris Gomes e Bruna Nahum – Amazing Model Management
Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.