Dizer que esse cara é um novo talento soaria clichê, novo talento pra quem? Talvez pra quem o esteja conhecendo agora. Então vamos considerar assim: talentos são atemporais, arte é atemporal e ele muito bem sabe disso, consideremos também que nova e recente pode ser a sua aparição na cena cultural do vale do capibaribe, mas a preocupação de Fábio não passa por esse caminho óbvio de famosidades efêmeras. A arte de Fábio em música e tinta representa a busca de um artista em chamar o povo para viver do que se é, e ele afirma com todas as letras: sou nordestino por natureza e minha arte nos representa onde mesmo me firmo o pé.
Fui conhecer Fábio Xavier depois que nos adicionamos no Facebook e trocamos ideias sobre o trabalho dele. Todo mundo já havia me falado que o Box merecia ter esse cara por aqui. Entrevista marcada, Fábio me apresentou seu mundo vasto de ideias em telas, papéis, paredes e versos. Na minha chegada se desculpou pela bagunça do ateliê se apequenando nessa coisa costumeira de quando chega visita. Mas era mesmo a bagunça o que a gente buscava, porque ideias não se empilham, sentimentos não se guardam em caixas ou estantes, e o ateliê de todo artista em sua bagunça cabe o caos organizado do pensamento.
Fábio Xavier – 31 anos, é designer por profissão e trabalha criando estampas para uma marca em Santa Cruz do Capibaribe, nascido em Caruaru, começou a estudar música em 2001 e pinta ‘derna’ de pequeno o universo nordestino que cerca seus dias nas ruas da capital da moda. Mitos, lendas urbanas e misticismo, em colagens e pinturas são a causa latente de obras em diversos formatos que gritam aos olhos cenas comuns vistas e representadas em grafismos exuberantes.
Na música Fabio Xavier é autor de histórias próprias, compõe com amigos e parceiros da banda Coberta de Mulambo, já tendo tocado em algumas cidades da região. Fábio e seu grupo de amigos artistas preparam já há algum tempo um CD de estréia da banda de modo independente. A demora em concluir o trabalho daria por si uma poesia da luta que é fazer arte no Brasil. Fábio concorda que fazer arte no Brasil é complicado, viver disso mais ainda, porém observa que as coisas estão se mexendo do lugar, algumas empresas reconhecem o valor de sua arte e são presentes mesmo na hora de apoiar, não se trata de patrocínio, mas ajudam como podem, no figurino, doam tecidos por exemplo e eles vão fazendo. A chegada de novos espaços culturais em Santa Cruz também tem ajudado a valorizar artistas aqui, como o bar Caros Amigos que expõe o trabalho em telas do artista. O CD “Coberta de Mulambo” pretende-se lançar até o final do ano, com 13 faixas. E vai trazer um som fundindo ritmos e estilos diversos como reggae, pop e rock aos sons pernambucanos.
Fábio Xavier tranquilamente descreve como um novo talento, tímido, como gostaria de viver de arte e como é sua caminhada, do outro lado do rio onde reside, dentro do ateliê cercado por ruas de esgotos abertos, construções por terminar, e às margens da água poluída ele cria com sua arte um jeito belo de resistir, de ficar de pé e ainda assim encantar.
Caberia uma imensidão de parágrafos nesta matéria apenas para contar em detalhes cada faceta desse artista completo, que já fez teatro, montou grupo de teatro de mamulengo, pinta, canta, compõe e expressa esse tanto de coisas que cabe em cada sujeito pensante. Cada cabeça é um mundo e o mundo de Fábio Xavier em arte e música é encantador.
Espie:
Clique aqui para ver tudo no site oficial do artista – Facebook – Soundcloud Contato por e-mail: artistafabioxavier@gmail.com
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Sobre Rodolfo Alves
Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.
