Porque eu me desmancho aos domingos?
A semana foi boa. Corrida com compromissos de produção de conteúdos para uma rodada de negócios da minha cidade. Nos intervalos, um monte de conversas em todos os lugares possíveis se davam: direct do Instagram, WhatsApp pessoal e WhatsApp de trabalho, clientes dos clientes nas redes sociais deles à parte das minhas.
Os dias modernos são um amontoado de tudo em todo lugar ao mesmo tempo mesmo. Somos multiversos. Aos domingos tudo isso se esvai e cessa. Fica somente a agenda Google notificando coisas atrasadas arrastadas para o final de semana, que sem futuro novamente se acumulam para serem arrastadas até a segunda-feira e recomeçarem a notificar de novo e de novo. Já estamos em março e eu ainda não dei conta de iniciar nenhum dos meus sonhos. Somente criando e recriando agendas de afazeres amontoados. Aos domingos tudo isso cessa, mas a dor emerge cobrando atenção.
A vida moderna é um instante patético de milhares de lindas possibilidades e muitas inúmeras castrações a perder de vista. O dilema das escolhas ao quadrado me fazendo “iludir-me que sou atarefado e cheio de convites e que tudo é possível” impõe latente limites fora de minha régua humana. Possibilidades heróicas, limites maiores ainda. Dor, muita dor, e ansiedades a perder de vista.
Eu tenho vontade de ler o livro “A Sociedade do Cansaço” me parece que nele eu irei encontrar nomes para o que sinto, motivos para me certificar que eu esteja certo em buscar dar nomes aos meus bois cercados semanalmente e soltos todos os dias para correrem em pastos verdes a fim de se livrarem do abate. Todo dia morre um boi no meu roçado. Todo dia eu morro um pouco mais com meus bois feitos de pedra polidas pela erosão dos nossos tempos.
Eu tô com vontade de ver todos os livros que me aparecem no feed das redes sociais, vontade de assistir todos os filmes selecionados para a premiação do Oscar, vontade de poder conversar com todo mundo sobre tudo. Mas aí tudo isso me pede tempo… antes eu já sabia que eu sou um sujeito de vontades… mas agora elas foram dispostas ao quadrado. Tem as minhas vontades e acima delas as vontades do que todos dizem que eu preciso ter vontade.
Comecei o ano dizendo que queria estar mais calmo, fazer no meu tempo e aquele discurso do autocuidado que rolou muito enquanto estávamos de quarentena e todo mundo fazia tudo para não enlouquecer enquanto eu gritava para não ficar rouco. Essa semana eu fiquei rouco. Estava ao vivo na transmissão da ação de blogueiros no Moda Center. Era o Esquadrão do Atacado visitando o Moda Center com blogueiras de outras cidades. Todo mundo autenticamente arrumada para percorrer a feira como se nada. Moda é isso, amei essa parte e acho que pode inspirar muito. Mas ai eu estava rouco, perdendo a voz ao vivo.
Mais uma demanda… acho que ninguém nem aquece a voz, eu tenho agora que obedecer mais uma rotininha miserável: fazer inalação antes de entrar ao vivo. Velho que tanto tudo nas minhas costas. Ser quem eu sou viu, cansa. Só digitando aqui meu deu um leve pigarro. Deve ser a mudança de clima com a chegada do outono em variações de frio nunca antes vistos por aqui com as mudanças climáticas provocadas pela indústria.
Também teve live com Silvana Vieira no meu perfil. A ideia de furar a bolha e construir novas narrativas para as mulheres que me seguem iniciou. Obrigado Silvana por esta entrega de conhecimentos tão linda!
Arquivos inacessíveis e luta, luta para poder trabalhar e atender como disse no começo, as demandas existentes com as novas demandas. Uma delas: criar conteúdos dessa rodada de negócios, que fechou comigo uma noite antes de o evento começar. Culpa por ter quebrado minha regra de não pegar compromissos de última hora. Mas precisando de grana, eu assumi o compromisso e fui. Atropelei tudo. Mania infernal. Domingo de tremura e ansiedade: bingo!
Outra coisa que fiz foi finalmente comprar um móvel para por a televisão aqui de casa. É claro que ela está toda adesivada e presa no móvel para evitar ser derrubada pelo gato. Iziêlda me ajudou nessa missão.
Essa semana também eu fui lá no direct e de supetão chamei dois amigos para fazermos trabalhos juntos. Confio nas bichas de mais e adoraria esse macth profissional para empeleitar trabalhos em grupo. Nossa como seria bom. Ando precisando de apoio criativo, gás na rotina e motivos para continuar. É que sozinho não rola mais. Primeiro eu to dando conta menos, a semana é pouco e eu gostaria de dividir para crescer… Não saio mais do canto nesse teto imposto pelo limite castrador do tempo. A empresa do eu sozinho… ou se refaz ou não cresce.
Pois bem, chamei as bichas para o corre e das duas só uma gata se dispoz e disse que queria. Bora simbora. A outra eu adoraria ter junto mas ela sequer responde o grupo criado para mais notificações… disse que não tem talento para empreender. Fazer o que? Paciência ter. Desapegar e seguir.
Como prometido pela Amanda Belém, nas cartas… um convite de trabalho muito massa veio. Fiquei empolgado com isso e agora só preciso enviar o orçamento para iniciar os processos. Fui chamado para ser host de conteúdo de uma empresa que trabalha com assessoria de vendas com as marcas… e o foco foi: queremos trabalhar com pequenas empresas, e você é esse rosto aqui na cidade. Eu gostei disso. Marcou um bom posicionamento do meu trabalho de anos.
Ainda não mandei o orçamento. Mas vou. Essa pode ser uma parceria boa para alicerçar as mudanças que eu quero fazer do meu editorial por que sim, tem isso: eu não aguento mais falar as mesmas coisas indicando marcas nos stories. O que vai dar um outro texto para meu blog depois. Antes que as pessoas vejam e digam que eu sou persona non grata aos trabalhos de divulgação. É que essa parte da influência digital virou um mar vermelho, diga-se de passagem a chegada de tantos influenciadores indicando marcas. Se todo mundo indica somente marcas, ninguém se diferencia. Tanta coisa.
Também foi a semana que esperei resposta de Sicrana sobre meu convite dela me agenciar como influenciador para eu tentar furar a bolha do mercado de moda. Ela disse que viria em minha casa para conversarmos e até hoje eu estava esperando. Domingou baby. Nem espero mais, nem convido mais e essa regra eu não quebro mais, pois a nova regra é não quebrar minhas próprias regras. Fica aqui quem tiver reciprocidade. Deixa ela… ou é eu ou é eu de novo. Eu sei disso mas sempre procuro ajuda. Eu vou dar a solução fura bolha que eu sei dar.
Rolou também inspiração para a escrita do livro sobre moda no agreste. Descobri uma editora legal que faz impressos sob demanda. Gente isso é incrível. Mande para Jorge Jeitosa o link para não o perder e também o motivar com a publicação de seu livro sobre a Sulanca. Por que sim… vem ai.
Nesta semana também Sandra me convidou para iniciar a elaboração de um projeto bem massa sobre sustentabilidade em um podcast. Conheci a Raquel e estamos com grupo montando no WhatsApp para geramos ideias sobre o podcast. É bem inicial o processo mesmo… mas curti ter sido chamado e colocado em voga com as experiências com SongaMongas e rádio. Queria voltar para a a Rádio. Queria mesmo. Eu adorava.
Também tivemos reunião no trabalho com o Moda Center e os influenciadores digitais sobre ajustes para este ano… foi bem proveitoso pensar junto com o pessoal. E chato pelos que faltaram. Enfim. Achei errado.
Estou com várias ideias para o Coletivo Criativo borbulhando. Penso em voltar a usar o Trello, penso em continuar com a febrenta de uma planilha. Eu não sei mais o que fazer com tantas formas de organizar o trabalho interno. Estou perdido confesso. É por isso que eu odeio o domingo? Na verdade eu não odeio os domingos… eu me desmancho neles para ver tudo isso de uma só vez e não ter o que fazer. O meu domingo podia ter cara de domingo às vezes.
Conversei nesta semana também sobre os meus sonhos de me refazer através das ideias que já tenho. Da coragem em mover o que for necessário para botar pra frente o que precisa ser feito na captação de recursos para meus projetos e ideias. Eu tenho e quero desbravar novos horizontes de mares azuis. Sou um sujeito entediado de mesmices, inquieto e não tenho honrado essas minhas qualidades. Sede caótico, sede confuso. Lutar contra isso tem me feito sofrimentos desleais nessas brigas internas. Há muito para ser feito. É simples como na conversa recente com Nestor: pensar fácil, agir bom e ser melhor.
nós (eu) fantasiamos demais até nos dramas não é mesmo? O ego implica em cenas que são pura ilusão de nós mesmos. Se tudo é mesmo tão simples, que o façamos. Domingo que vem vai ser melhor.
Para finalizar, enviei para um monte de gente esse post convidando para inscrições da Escola de Moda Decolonial do Fashion Revolution. Nestor e Karla Ferreira toparam fazer. Isso bom para dar um refresh na cabeça precisada de novos olhares. Esperando ser selecionado.