Caracóis, fotografia, paraíso astral e teatro - rodolfo

Caracóis, fotografia, paraíso astral e teatro

Voltei ao teatro nessa minha última semana de meus 34 anos. Vivendo dias ansiosos com os percalços naturais e desincrônicos do inferno astral de Áries. Gato para castrar, casa bagunçada, rotinas apertadas, corpo dolorido. Voltei. Eu cheguei até aqui com um monte de novas coisas fora do lugar. Mas sim, aqui.

TEA – teatro experimental de arte em Caruaru – 12.03.24

Havia esquecido sobre esse lado que me atravessa a vontade. O teatro foi ficando de canto de lado, e no lugar dele, no centro da minha vida as rotinas, o trabalho, as entregas desonestas e desumanas que por muito tempo levaram tanto de mim. Mas agora voltei a alimentar esse sonho por prazer e redescoberta. E desse lugar é bem melhor. Engraçado como a vida se dá para realizar o que há de ser. Tentei fazer teatro por duas outras vezes e por motivos tantos não deram certo.

TEA – teatro experimental de arte em Caruaru – 13.03.24

Voltei com as aulas do grupo Nexto agora nos dias 11 e 12 de abril antecedendo a aula inaugural do TEA que também me inscrevi agora pela 3 vez. Teatro do Oprimido. Augusto Boal. Uma vivência completamente psicanalítica de conhecer em mim o quanto o fazer das artes me interessa, me atravessa, me amplia e me faz. Na adolescência eu havia achado um livro do Augusto Boal na biblioteca da escola Gilzenete Guerra, numa dessas novas levadas de livros enviados pelo MEC. Iniciei a leitura mas não terminei. Fui uma pessoa de muitos inícios. Ponho a culpa no signo.

TEA – teatro experimental de arte em Caruaru – 13.03.24

Pegando mesmo o termo oprimido, percebi tantos desencontros com meu corpo, minha respiração, meu ser enquanto verbo. Encarcerado nos gestos falsos dinâmicos desse fazer capital. Minha ausência de diálogo com meu querer mais infantil. Ser ator. Estar em cena. Dizer com o corpo, permitir ser visto dizendo e fazer os olhos vedores se veem também. Rela-acionamento, rela, rela.

TEA – teatro experimental de arte em Caruaru – 12.03.24

Andamos em grupo conversando entre uma dinâmica e outra sobre a utilidade da arte, mas cheguei a pensar não nas utilidades, e sim nos efeitos dela sobre mim. Quão bom é transbordar um pouco dos nossos melhores e piores ingredientes, os ver, os reconhecer e também os abraçar. Diferente do divan é tudo muito mais visceral e mais tangível quando se revela no corpo, na voz. Desoprimir. Meu corpo sempre convocado ao trabalho, obrigado ao rendimento, condicionado ao labor, ao tic tac, aos violentos alarmes, por mim mesmo e pelo meio, por mim mesmo e por meus enganos.

Conversamos tanto em quatro aulas, dissemos tantos, fomos ouvidos, ouvimos tudo, rimos e discutimos sobre tanto aos montes de formas tão orgânicas e puras, entre muitas risadas e reflexões que causaram esses tais efeitos de despressurizar, esvaziar e fazer se tornar. Eu fiquei sem entender as brechas, as transições, os silêncios, mas eu fiquei. Nelas também contém sentires inexplorados. Parece mesmo um dizer sem linha, ou nexo. Mas não tem mesmo. É muito mais sobre contentamento. O olhar. É bom estar vivendo isso tudo assim.

As fotos mais lindas

Neste mês também foi bem especial com as fotos que fiz com minha amiga Daiane Maiara. Um convite dela para me clicar com seu olhar simples e sutil de ver imagens onde eu não me permitia. Primorosas fotografias que agora amo ver. Me ver noutras formas, esquemas me deu um frescor bom de continuar me tornando, apesar desses novos desconfortos no fazer, no se tornar.

Apreciar conscientemente essa dualidade de tudo de olho bem aberto é algo novo, de um estado de consciência bom. Muito agradecido pelo olhar interessado em ver meu eu, em corpo e possibilidades de formas que eu já havia abandonado. Se fotografem, se permitam estarem sob os olhos das câmeras amigas.

Andei lendo sobre os jardins digitais e acredito ter encontrado nesse conceito de publicação, um tonos especial para moldar e canaletar meu fazer com as palavras. Acho que despropositadamente me cabe como coisa anterior com valor próprio, sem buscar público e toda essa coisa imposta pelo marketing que também me compõe mas que agora o quero doutro jeito, cabendo a mim mesmo.

Feliz aniversário com presentes incríveis assim. Te amo, Rodolfo, O Caracol.

Sobre Rodolfo Alves

Sou publicitário que vivo criando conteúdos e ideias, fuçando novidades. Amo a comunicação e estou interessado pela moda no mundo: seja ela nas passarelas de grifes famosas ou nas feiras populares do Brasil.

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