Sulanca quatro ponto zero
Lançar um olhar sobre a cena local de produção e escoamento da moda durante a pandemia e observar em como se “rebolaram” ou como se “viraram” comerciantes durante os dias em que os centros de compra no interior do estado (acompanhando aos decretos estaduais e recomendações das autoridades sanitárias) durante os lockdowns impostos pela pandemia da COVID 19, durante o ano de 2021, para listar as mudanças e legados deixados pela digitalização do comércio no interior, mesmo que tardia… é o que pretende a produção audiovisual do Box Fashion realizada com apoio da lei Audir Blanc no município de Santa Cruz do Capibaribe – PE.
Selecionado pelo edital Concurso Fogoió dos Oito baixos, promovido pela diretoria de cultura municipal em Santa Cruz do Capibaribe; o projeto entrevistou comerciantes homens e mulheres com diversos perfis de médias e pequenas marcas da cidade de Santa Cruz do Capibaribe durante o segundo semestre do ano de 2021, ainda com as incertezas da total reabertura do principal centro de compras e vendas atacadistas da região, o Moda Center Santa Cruz.
O Moda Center precisou se adequar junto a comerciantes e também ao poder público municipal que gerencia o Calçadão Miguel Arraes, com várias estratégias de funcionamento paliativo durante os dias com restrição total de abertura do centro de compras durante o pico dos casos no país, e também tendo como soluções viáveis, quando houveram publicações de novos protocolos de funcionamento indicando restrições de horário e os cuidados necessários, sendo uma dessas soluções o funcionamento do estacionamento como local para entrega de mercadorias, nos pontos de coleta das transportadoras e excursões vindas do Brasil, para recolher produtos vendidos online pelos comerciantes impedidos de fazer vendas no local como antes.
Falta de mão de obra
Nesse contexto outros desdobramentos conhecidos empiricamente que ocorreram na cena local, como diminuição da oferta de mão de obra de costura em casos de pessoas adoecidas pela COVID-19 ou em uso do auxílio emergencial para manutenção da saúde e distanciamento social, uma vez que os trabalhos informalizados são uma verdade absoluta no polo, sabe-se que muitas costureiras (maioria mulheres) preferiram se proteger da contaminação faltando aos trabalhos (informais).
Escassez de matéria prima e aumento do preço dos insumos
Outro fator que importa notar foi o aumento significativo nos preços de tecidos e aviamentos para a confecção. Com a disparada dos preços a indústria local sofria mais um problema a ser enfrentado para garantir a sobrevivência de pequenas empresas, que tem no trabalho familiar e informal sua fonte de renda principal na região.
Iniciativas como a petição online em prol da população trabalhadora do polo de confecções foram tomadas por entidades não governamentais que mobilizaram energia no sentido de que trabalhadores e trabalhadoras do polo, sendo principalmente costureiras e ambulantes das feiras populares tivessem acesso a garantia de direitos básicos de sobrevivência durante os dias de fechamento das feiras.
Veja aqui o que João Nunes escreveu em nosso blog sobre a desigualdade ampliada e percebida no polo de confecções durante os dias de fechamento das feiras:
ISOLAMENTO SOCIAL DESIGUAL
Mudança do presencial para o online
Um dos legados no comércio local foi a aceleração/intensificação do uso das vendas online pelas empresas. Era preciso mobilizar-se para não perder clientes e continuar o relacionamento mesmo que a distância para manter vendas. Sabe-se o quanto muitas das marcas conseguiram êxito nessa tarefa e como muitas outras sucumbiram ao despreparo com as ferramentas digitais de vendas, relacionamento e marketing.
Entre os legados criados e deixados por este período observa-se a mudança de comportamento no consumidor, que mesmo veterano em visitas aos centros de compras, e que preferia sempre a compra presencial passou a se relacionar e fazer pedidos digitalmente pelo WhatsApp ou Instagram. As pressas de acompanhar tantas demandas com todos os gargalos de produção e escoamento, para comerciantes e pessoas que empreendem com moda na cidade, o legado foi de perceberem e importância que ocupa o digital na esfera das vendas e manutenção das empresas nos dias de hoje.
A produção deste conteúdo ouviu quem passou por este período buscando contar essas histórias mais uma vez de sobrevivência, porém desta vez num ambiente 4.0, onde relações digitais se fortaleceram, se resolveram e se fixaram nas rotinas das empresas de compradores, transformando o mercado para sempre.
Assista o vídeo completo no YouTube clicando abaixo: